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26/11/2015

Nossa Voz - Campanha salarial-greve: Que lições tirar do movimento?

“Aprender com o passado e construir o novo”

O Nossa Voz conversou com o presidente do Conselho Fiscal da  AFBNB, Henrique Moreira, sobre a greve. Ele vê no cenário atual  terreno fértil para a construção de novos movimentos, novas formas de organização que deem conta dos velhos problemas. Confira abaixo:

 

Nossa Voz – Os bancários realizaram no mês de outubro uma greve de 23 dias recentemente. Embora forte, com adesão da maioria dos trabalhadores e fechamento de quase todas as agências, os resultados foram aquém do esperado. Há alguma explicação para isso?  

Henrique Moreira – Sim. É preciso dizer que a categoria NÃO saiu derrotada. Lutou e empreendeu uma dinâmica de resistência. Existe disposição dos benebeanos em avançar na luta para resolver problemas históricos, a exemplo do PCR, Isonomia, Dignidade Previdência e outras. Uma parte substancial dos trabalhadores já percebeu que não pode esperar pelos outros bancos para resolver os seus problemas específicos. Infelizmente, essa foi mais uma  campanha salarial em que continuamos na greve em busca desse objetivo, mas a Contraf/CUT não respeitou as decisões das assembléias e faz de tudo para acabar com o movimento. Por outro lado, acredito que venceremos essa batalha com o tempo e acumulo de forças. O desânimo só fortalece os patrões e os burocratas. É preciso continuar resistindo.
 
AFBNB -   O movimento sindical brasileiro também passa por crise - de representação, autonomia... O silêncio diante de medidas do Governo Federal que afetam os trabalhadores mostra isso. Como avalia essa questão e como mudar esse cenário?
Henrique - Infelizmente a hegemonia do sindicalismo optou por apoiar o Governo Lula e Dilma e outra parte menor por apoiar a Oposição de Direita. Esse compromisso vem dificultando bastante a condução das nossas lutas, pois os financiadores de campanhas eleitorais (principalmente os banqueiros) cobram a fatura em nossas lutas. Esse cenário gera um descrédito crescente nos sindicatos e nos movimentos de trabalhadores, ou seja, em tudo o que é de esquerda. No entanto, existe uma luz no fim do túnel. Um pequena parcela dos trabalhadores não se rendeu ao governismo e adota um postura independente e de luta para mudar essa realidade. Como exemplo, podemos citar a Central Sindical e Popular CSP-Conlutas, Intersindical, Unidade Classista, por exemplo. Só a luta muda vida e é possível construir uma terceira alternativa ao que aí está e à tradicional oposição de direita. A solução é aprender com os erros do passado e construir o novo para substituir o velho e o obsoleto.
 
AFBNB - Qual a importância de jovens bancários, como você, ocuparem espaços importantes na luta da categoria? Falta uma inserção maior dos novos nas lutas?
Henrique -  A participação dos jovens bancários é pré-condição para substituir o sindicalismo governista e burocrático por um sindicalismo de luta e independente dos patrões e governos. Foi a juventude trabalhadora que derrotou o sindicalismo chapa branca e criou a CUT como alternativa na década de 1980. Agora não será diferente. A juventude trabalhadora irá substituir o sindicalismo governista e atrelado aos interesses dos patrões e dos governos por um sindicalismo de luta, independente sob todos os aspectos. Sem dúvida ainda precisamos de mais engajamento dos mais jovens, apesar da participação crescer a cada ano.
 
AFBNB - O que podemos esperar do ponto de vista das causas trabalhistas para 2016?
Henrique - Não há perspectiva de recuperação rápida da crise econômica que atinge todo o planeta. Os trabalhadores europeus, que possuíam as melhores condições de vida, enfrentam constantes ataques e retirada de diretos. No longo prazo, o nível de vida destes trabalhadores europeus pode chegar próximo do nível de vida dos trabalhadores latino americanos.  No Brasil, assistimos nos últimos 10 meses uma quantidade e velocidade de ataques e retiradas de direitos há muito tempo não visto (Seguro Desemprego, Pensão por Morte, Aposentadoria, Saúde e Educação). Portanto, a perspectiva não muda.  A necessidade de construir uma alternativa dos trabalhadores e substituir o velho sindicalismo só aumenta, pois os ataques não vão parar.  Os banqueiros estão muito satisfeitos com o retorno de suas doações nas campanhas eleitorais através dos juros altos, altas tarifas e do pagamento da dívida pública extorsiva. Do nosso lado, é preciso romper as amarras e construir um futuro onde o lucro não seja o mais importante, mas sim satisfazer as necessidades da classe trabalhadora.
 
Última atualização: 26/11/2015 às 16:08:19
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