A greve no BNB acabou após 23 dias de muito empenho, ousadia e determinação dos trabalhadores. Vencendo a intransigência dos patrões/Governo e a colaboração de classe de setores do movimento sindical, os bancários puderam mostrar mais uma vez o poder da organização e a insatisfação ao fecharem quase todas as agências do BNB.
Os motivos que levaram à adesão em massa no BNB - envolvendo os diversos segmentos do Banco, são questões que afetam a todos, uns mais que outros (no caso da previdência) e dizem respeito à vida laboral e ao futuro na instituição.
Uma das principais bandeiras das greves no BNB tem sido o Plano de Cargos e Remuneração/PCR. Defasado e repleto de inconsistências - a exemplo da promoção do nível 1 ao 3 na carreira sem o devido impacto financeiro? - a necessidade da sua revisão já constou de vários Acordos; grupos de trabalho foram criados, inclusive com estudos concluídos, mas nada de concreto e positivo se efetivou até o momento.
Ao PCR somam-se questões como falta de isonomia de tratamento, assédio moral, convocação de concursados, transparência, quitação de passivos trabalhistas, reintegração de demitidos, recuperação do plano BD da Capef e retorno dos genitores ao plano natural da CAMED, dentre outras que a AFBNB cobra há anos e questiona algumas inclusive judicialmente, como é o caso da caixa de saúde.
No entanto, embora o movimento tenha sido forte, ao final restou a frustração dos funcionário do BNB em ver suas demandas ignoradas mais uma vez!
Greve não é crime!
Embora seja um direito constitucional, os patrões ainda tentam criminalizar os instrumentos de luta dos trabalhadores, com o auxílio muitas vezes de parte da imprensa. Manifestação vira “quebra quebra”; greve vira “prejuízo para a população”, dentre outros exemplos. Práticas assediosas como mensagens encaminhadas aos funcionários em greve, ou “lembretes” enviados pelos patrões estão sendo corriqueiros e mostram o desrespeito que têm com o trabalhador. No BNB, tem sido comum nos últimos anos, sendo que desde 2013 a AFBNB vem denunciando ao Ministério Público.
Este ano, a Associação deu entrada em uma Ação Civil Pública na qual solicitada o reconhecimento por parte da Justiça da prática de assédio moral e conduta antissindical do Banco e questiona o tratamento diferenciado no cumprimento do pagamento das horas dos dias 27 e 28 de outubro.
Para além do ressarcimento dos danos morais coletivos, o que a Associação pretende é que o Banco respeite a greve e os grevistas e aja para evitar que a greve se inicie, ou seja, procure dar respostas concretas e que apontem na solução dos problemas específicos da categoria.
O Sindicato dos Bancários de Sergipe também está nessa luta! No dia 12 de novembro, protocolou ação civil no TRT daquele estado (Processo nº 0001737-21.2015.5.20.0005) questionando também a postura do Banco e requerendo danos morais coletivos. Outros sindicatos podem e devem se juntar à essa ofensiva, representantes que são da classe trabalhadora - insatisfeita com a situação atual, que o diga o tamanho da última greve!
A AFBNB encaminhou mais uma vez ofício, já após a greve, à presidência do Banco reiterando as demandas específicas que sequer constaram do pacote que resultou no fim da greve e que, esperava-se, deveriam ter sido pontos chaves da negociação com o BNB. Além disso, no mesmo documento solicitou que o Banco divulgasse os cálculos da PLR de forma transparente, para não gerar mais ansiedade e frustração no funcionalismo.
Inexplicávelmente, o Banco não só não divulgou, como creditou um valor irrisório, ainda enaltecendo o grande “esforço” para que isso ocorresse. Resultado: revolta geral! Os trabalhadores querem respostas tanto do Banco quanto do comando de negociação que se apressou em pactuar os termos do acordo de forma urgente.
Se o ditado diz que “após a tempestade vem a bonança”, no BNB a tempestade ainda não parou. Os motivos que levaram à greve ainda permanecem, o que exige da base e das entidades sindicais mobilização permanente. A AFBNB tem feito a sua parte, cobrando insistentemente, enviando ofícios ao Banco e às instâncias superiores, inclusive recorrendo à Justiça/MPT, por não concordar com a situação. A luta não para! E a AFBNB, como sempre, está a postos para apoiar os trabalhadores.
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