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14/04/2015

Nossa Voz - Desenvolvimento regional e dignidade previdenciária na pauta da AFBNB

ENTREVISTA: Fábio Sobral e Airton Saboya

Que modelo de desenvolvimento temos e qual queremos? Qual o papel do BNB nesse processo? Confira abaixo um resumo da entrevista feita com os palestrantes do primeiro painel da RCR, Fábio Sobral (esq) e Airton Saboya (dir). A íntegra está no site da AFBNB.
 
Nossa Voz - No senso comum, o desenvolvimento está atrelado somente ao aspecto econômico. O que dizer sobre isso?
 
Fábio Sobral - O desenvolvimento começa quase como sinônimo de desenvolvimento econômico. Mas ao longo do tempo se percebeu que isso é insuficiente, que o crescimento econômico tendia a excluir pessoas. Então, o desenvolvimento começa a pensar outras dimensões. As duas outras dimensões que foram incorporadas à distribuição de renda são a expectativa de vida e o índice educacional. Ainda insuficientes, porque nós vivemos num planeta que é uma ilha, que flutua no universo. Nós só contamos com esse espaço limitado. Esse espaço precisamos preservar para nós e para a geração futura. Então, o desenvolvimento precisa pensar no conjunto das dimensões dos seres humanos: a cultura, a saúde, a expectativa de vida, a educação, a capacidade de convivência com os outros seres humanos, meio ambiente e a sua capacidade de sobreviver, que entra aí a parte econômica. O desenvolvimento é uma dimensão muito ampla. O desenvolvimento restrito está em crise, porque ele só pensa no desenvolvimento econômico e isso significa a dilapidação dos recursos da terra, sem contar que amplia o nível de produtividade sem incorporar as pessoas no processo produtivo.
 
NV - Alguns fatores tendem a intensificar a desigualdade. Se você nasceu no Nordeste, por exemplo, seu ponto de partida tende a ser diferente de que em alguma outra região. Como se pode minimizar essa desigualdade desse ponto de partida?
 
Fábio Sobral - O ponto de partida é algo fundamental para manter as desigualdades. Eu acho até que isso é pensado propositadamente para que você não elimine essas diferenças. As diferenças servem a um projeto de enriquecimento de certos grupos e esses grupos dependem de uma manutenção de pessoas em uma situação que possam inclusive ser exploradas mais facilmente, através do salário, através de outros mecanismos. A superação dessa dimensão territorial exige, por exemplo, que você passe a considerar outros critérios que não simplesmente os monetários. É preciso que você veja outros aspectos. O consumo de produtos agroecológicos: eles podem até ser mais caros no curto prazo, mas são muito mais baratos no longo, pois no curto prazo você consome produtos baratos com agrotóxicos, mas isso amplia os gastos com a saúde, as perdas familiares e você acaba tornando o longo prazo mais caro. Uma economia regional precisa ser pensada de modo que você tenha benefício ao longo prazo, ao invés da imediaticidade no curto prazo que sai muito mais caro.
 
Nossa Voz - Quais estratégias devem ser adotadas enquanto políticas públicas para a consolidação dos avanços que ocorreram no Nordeste nos últimos anos?
 
Airton Saboya - É fundamental que haja um fortalecimento do setor produtivo, uma ampliação e modernização do setor produtivo da região, bem como infraestruturas: estradas, portos estrutura social (universidades, escolas), enfim, para que esse quadro consolide-se nesse processo. Para que isso ocorra, torna-se importante fortalecer o quadro institucional da região: as agências de desenvolvimento, que atuam na área do Nordeste, em especial, o BNB e particularmente o ETENE. É fundamental que haja o fortalecimento para que essas estratégias sejam postas em prática 
 
NV - Como tem se dado o trabalho do ETENE nessa perspectiva?
 
Airton Saboya - O ETENE tem um histórico de mais de 60 anos, de atuar em estudos e pesquisas no Nordeste. Eu diria que de certa forma até pioneira, porque a criação do ETENE antecedeu a de universidades e cursos de economia da região e mais recentemente a gente trabalhou nesse grande projeto Nordeste 2022, fazendo esse amplo diagnóstico em relação à região. Além disso, a gente trabalha com conjuntura econômica, trabalhamos com boletins mensais e trimestrais sobre a conjuntura do nordeste. Eu diria que também é inédito, pois praticamente nenhum órgão do meu conhecimento faça esse tipo de trabalho. Existem conjunturas nacionais, mas conjunturas em relação ao Nordeste, eu diria que é um trabalho inédito que o ETENE realiza, dentre outros estudos, informes no setor agropecuário, indústrias e serviços.
 
 

 

Última atualização: 14/04/2015 às 13:48:20
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