O primeiro painel - Nordeste: desafios e perspectivas para o desenvolvimento - teve como debatedores Fábio Sobral (economista com doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas e professor da Universidade Federal do Ceará) e Airton Saboya Valente Júnior (Técnico do ETENE e doutorando em Desenvolvimento Territorial e Local pela Universidad de Valencia/Espanha). A mediação foi feita pelo diretor de organização da AFBNB, José Frota de Medeiros.
Fábio Sobral abordou o desenvolvimento em seu sentido macro, enfatizando que tudo está conectado e que, por isso, aspectos culturais e ambientais devem ser considerados ao se pensar e ao traçar estratégias de desenvolvimento. “Vivemos em uma ilha que flutua. É preciso considerar a variável ambiental como fundamental para qualquer iniciativa voltada ao desenvolvimento”. Ele lembrou Celso Furtado que, já em 1974, questionava o desenvolvimento voltado para o consumo das camadas mais ricas. Para ele, o modelo centrado apenas no viés econômico está sustentado na exclusão, na exploração das pessoas e do meio ambiente e na extrema concentração da riqueza, chegando ao absurdo de 1% da população possuir o equivalente ao que possuem os outros 99% da população.
Por tudo isso, defendeu que os critérios de desenvolvimento do BNB não podem ser só econômicos, sobretudo porque o Banco atua em áreas que sofrem processos de desertificação. Ele ainda alertou: “o que hoje parece mais rentável, amanhã poderá sair muito mais caro, talvez impagável”. Fábio acredita que a saída é investir em desenvolvimento local, que geraria emprego, circularia a moeda e reduziria custos e impactos na natureza, como a emissão de gases na atmosfera decorrente do processo de transporte. Em sua avaliação, é preciso pensar em um modelo de produção que não desgaste os recursos naturais e que inclua as pessoas.
Airton Saboya apresentou um breve panorama das transformações que vêm ocorrendo na região, que se refletem na mudança de perspectiva das demais regiões como o Nordeste, citando o estudo Nordeste 2022, coordenado por Tânia Bacelar e técnicos do ETENE/BNB, o qual identifica cinco principais fatores: mudanças na demografia e melhorias no quadro social (com queda na mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida); economia em expansão com modificações na estrutura produtiva; ampliação e diversificação da oferta de infraestrutura econômica e avanços na estrutura educacional; crescente urbanização e surgimento de cidades médias dinâmicas.
Ele detalhou aspectos da Política de Desenvolvimento Regional (PDR), a qual contempla instrumentos implícitos (envolvendo a macroeconomia, políticas sociais, transferência de renda, dentre outros) e explícitos (mais voltadas para a área geográfica e/ou território, como incentivos fiscais, fortalecimento das instituições de fomento etc).
Diante dos desafios ainda postos, Airton citou um conjunto de políticas para fortalecer o desenvolvimento da região, a exemplo da diversificação e ampliação da base produtiva, a ampliação dos avanços sociais e a promoção da sustentabilidade ambiental.
Como de praxe, após as explanações foi aberto o debate no qual os participantes interagiram com os palestrantes, fazendo comentários e questionamentos sobre os assuntos abordados, relacionando a temática abordada com a realidade do BNB e sua missão.
A apresentação dos dois palestrantes está disponível na íntegra no site www.afbnb.com.br, na seção documentos.
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