O Banco do Nordeste do Brasil (BNB )foi criado para combater o atraso desenvolvimentista na sua área de atuação, hoje contemplando a Região Nordeste e o Norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. É, portanto, um Banco de Desenvolvimento, assim como o é o Banco da Amazônia (BASA) na Região Norte, cuja missão em ambos os casos é eliminar a defasagem social e econômica em relação ao Sul/Sudeste do país. Outro fosso igualmente identificado é a desigualdade intrarregional, que deve também ser foco da estratégia e missão institucional desses órgãos.
O BNB tem uma atuação bem específica, sendo uma das suas tarefas principais a operacionalização do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), junto ao setor produtivo da economia. Tal compromisso obriga à instituição ter um quadro técnico especializado, capacitado e preparado para agir não somente para operacionalizar o crédito, mas também, e, sobretudo, medir o resultado dos investimentos. Então, contar com bons analistas de operações, técnicos de campos, engenheiros, economistas, enfim, todo o corpo funcional, de todas as áreas, e acima de tudo, ter a visão de estruturar eficiente e eficazmente as parcerias e as cadeias produtivas, são fatores básicos e essenciais para se pensar o desenvolvimento.
“Para cumprir sua missão constitucional o BNB precisa urgentemente resgatar sua capacidade empreendedora. Não a do ‘mais do mesmo’ de emprestar por emprestar, tão própria dos bancos que só visam ao lucro pelo lucro”
A competitividade, entendendo esta como sendo o foco no desenvolvimento, deve ser o compromisso de qualquer gestão que esteja à frente do BNB. Quer dizer que sua prioridade é fortalecer as áreas/espaços que fortaleçam o
Banco enquanto Instituição de Desenvolvimento. Compete a essa direção um olhar de longo prazo e a capacidade de planejamento e interlocução junto aos governos federal, estaduais e municipais, e na mesma medida ser capaz de mobilizar as instituições/órgãos para esse fim.
Para cumprir sua missão constitucional o BNB precisa urgentemente resgatar sua capacidade empreendedora. Não a do “mais do mesmo” de emprestar por emprestar, tão própria dos bancos que só visam ao lucro pelo lucro, a qualquer custo, e das gestões sem compromisso com a causa pública, mas a do planejamento da aplicação inteligente, capaz de empregar, desenvolver os diversos setores, a exemplo da indústria, e de concatenar os “entes produtivos”.
Dois elementos são simbólicos deste Banco de Missão pública, portanto social: O ETENE e o Agente de Desenvolvimento. É como se o primeiro fosse a cabeça, e o segundo os membros do Banco, conscientes da missão a cumprir. Enfraquecer ou pretender eliminar uma das partes (ou ambas) é jogar o Banco nas garras do mercado bárbaro, e sem proteção Estatal, portanto, torná-lo distante e incapaz de alcançar o objetivo para o qual o BNB foi criado.
Devolver a capacidade criativa do ETENE, inclusive dando condições para a construção de trabalhos originais e questionadores da situação econômica presente, fugir do “faz-de-conta” e da subestimação da capacidade intelectual dos técnicos é fundamental. Manter a estratégia do Agente de Desenvolvimento, fortalecer/ otimizar a “expertise” dessa importante linha de ação no sentido de estruturar qualitativamente o crédito como um dos embriões do desenvolvimento em todos os municípios da área de atuação do Banco, bem como recuperar sua ação articuladora junto às diversas instituições parceiras são sinais da percepção de sustentabilidade do BNB. Diferente disso pode soar como conspiração institucional.
* Diretor Financeiro da AFBNB
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