Uma das jovens lideranças mais ativas nas lutas do BNB, o Presidente do Conselho Fiscal da AFBNB , Henrique Moreira, analisa a greve de 2014 e fala da importância da participação crescente dos jovens trabalhadores em momentos como a campanha salarial e a greve. Confira.
Nossa Voz - A greve teve repercussões positivas para os trabalhadores do BNB?
Henrique Moreira - Sim. Além do ganho salarial em relação ao incialmente ofertado pelos banqueiros e pelo governo federal, tomar a decisão de lutar e tentar conquistar algo além da PLR e do índice de reajuste faz toda a diferença. A luta declasses é um exercício constante para os trabalhadores. A economia vem apresentando sinais de deterioração nos últimos 6 meses. Possivelmente isso levará os empresários e os governos a cortarem gastos e a uma maior avidez para aumentar o ritmo de trabalho, ou seja, manter a taxa de lucro à custa das condições de vida da maioria. Sabemos que os bancos públicos estão sendo usados como ferramenta de política econômica para combater a crise, haja vista a pouca regulação e exigência aos bancos privados que continuam lucrando muito e com irrelevante papel social. Nesse cenário, é importante lutar, se organizar e manter o espírito de resistência e disposição de mudar a realidade.
Nossa Voz - Qual foi a principal marca dessa Campanha salarial de 2014?
Henrique Moreira - A vontade de quebrar o velho filme da campanha salarial, ou seja, mesmo no começo da greve, quando ainda não há cansaço e desgaste, a direção sindical majoritária dos bancários resolve aceitar a primeira proposta e acabar com a greve. Por esta rem cansados de “mais do mesmo”, as nove assembleias do Nordeste e Minas Gerais decidiram continuar a greve no dia 06 de outubro em busca de atendimento de cláusulas específicas do Banco do Nordeste do Brasil. Infelizmente, não foi dessa vez. Mas tenho uma certeza: as conquistas já obtidas não caíram do céu, nem cairão e quem sabe faz hora e não espera acontecer!
Nossa Voz - Você, jovem liderança, como vê a participação dos novos funcionários do Banco? Falta mais empenho?
Henrique Moreira - Ela vem crescendo gradativamente ano após ano. Novas lideranças começam a surgir e percebemos um crescimento na consciência. No entanto, algumas vezes isso se expressa de forma equivocada. Por exemplo, o companheiro (a) decide se desfiliar de sua entidade e não participar mais das greves. A essas pessoas eu gostaria de dizer: o patrão e o burocrata sindical querem você o mais distante possível do coletivo e do seu sindicato, pois assim fica mais fácil a dominação de ambos, haja vista estes caminharem de mãos dadas. Portanto, nossa reação deve ser convidar o colega a se filiar ao sindicato, participar das atividades/assembleias, acompanhar o site e o jornal impresso, candidatar-se a delegado sin
dical e representante da AFBNB, se dispor a construir chapa para as eleições de nossas entidades e assumir um papel de direção. Há tarefas para todos, da mais fácil a mais difícil, onde todos podem contribuir por menor que seja sua disposição.
Nossa Voz -Como observou a atuação da AFBNB nessa greve?
Henrique Moreira - Novamente a AFBNB adotou uma postura de resistência e contribuiu com o esforço coletivo de quebrar o velho cardápio de nossas campanhas salariais e agiu em sintonia com a base. Manteve o quadro de greve atualizado, fez os contrapontos e elaborou informativos, além da ação política na base. Também expôs as contradições da gestão do Banco, que se diz “democrática”, mas que em 2013 nos ameaçou com corte de ponto e esse ano repetiu, acrescentando a ameaça do dissídio coletivo.
Nossa Voz - Que recado você daria aos funcionários do BNB?
Henrique Moreira - Vamos acreditar nas nossas forças e transformar a insatisfação em ação concreta. Os trabalhadores foram às ruas em junho de 2013, em especial a juventude estudantil e trabalhadora, e deram uma boa sacudida no país. Vamos avançar de cabeça erguida e coração valente. Vamos deixar nossos preconceitos de lado e colocar nossas dúvidas à prova. Só a luta muda a vida!
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