Reunidos em assembleia, os trabalhadores do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) rejeitaram a proposta apresentada pelo Banco e decidiram pela continuidade da greve que hoje completa oito dias. A decisão foi tomada nas assembleias realizadas na noite de ontem em todos os estados do Nordeste e hoje pela manhã em Montes Claros (MG).
Com a decisão, os funcionários do Banco ratificam o entendimento já demonstrado pelo forte movimento paredista, desde o início, de que a sua luta não se resume apenas às questões econômicas. Assim, reafirmaram que não somente pelo índice de reajuste do salário – que, pelo apresentado, já é muito rebaixado e nem de longe sinaliza em repor as perdas acumuladas ao longo de anos. Os trabalhadores defendem que o Banco pode melhorar a proposta, haja vista a rejeitada ter a sido a primeira após o início da greve.
Agora, e mais do que nunca, cumpre à administração do BNB compreender que o problema da greve é seu, e que é urgente a apresentação de uma proposta que contemple itens importantes das reivindicações específicas como Plano de Cargos e Salários, isonomia de tratamento, Dignidade previdenciária e de saúde, entre várias outras, além da melhoria do patamar de reajuste pelo menos para os níveis da Caixa Econômica Federal, que chegou a 9% sobre todas as verbas, e com uma promoção em todos os níveis de salário no mês de janeiro do próximo ano.
Comandos não comandaram – a base o fez
É oportuno registrar que, mais uma vez, lamentavelmente, o comando nacional não cumpriu adequadamente o seu papel, ou pelo menos como era de se esperar. Ao contrário de fortalecer a greve, que se encontrava forte e crescente, declinou na primeira cartada, ou seja, na primeira “migalha de pão dormido” oferecida pelos patrões e governo após o início da greve, e orientou pela aceitação. O mesmo comportamento adotou a comissão de negociação do BNB, que por maioria decidiu aceitar a proposta do Banco, não havendo unanimidade, pois os representantes dos sindicatos do RN, BA, Vitória da Conquista e da Federação BA/SE votaram contra a proposta. O Sindicato do Maranhão, embora ausente, externou sua publicamente posicionamento contrário à proposta.
Diante de tal comportamento, que expressa atitude de linha auxiliar dos patrões e dos governos, a base tomou para si a responsabilidade e decidiu pelo óbvio, que infelizmente a pressa em fechar o acordo não deixou os comandos verem: a rejeição da proposta, a manutenção da greve e a reivindicação de melhoramento em todos os sentidos, para assim fazer valer, de verdade, o que está no lema da campanha salarial – “queremos mais” -, e melhor, porque a categoria merece e os lucros dos bancos permitem.
Nova Assembleia somente com nova proposta
Tomada a decisão pela continuidade da greve, cumpre às direções sindicais encaminharem a luta, bem como buscarem a interlocução no sentido de uma nova proposta em melhores condições, para que assim possa ser avaliada pela base em novas assembleias e, conforme o caso, encerrar o movimento de forma organizada, coerente e com a obtenção de conquistas. No Ceará e na Bahia, por exemplo, foi deliberado que só acontecerão assembleias mediante a apresentação de nova proposta pelo Banco. Que assim seja. “Só a luta muda a vida”
A AFBNB ao lado dos trabalhadores
Gestão Autonomia e Luta.
|