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12/02/2014

Plural - A xenofobia que nos envergonha

A xenofobia que nos envergonha

País de múltiplas raças, o Brasil possui umas das Constituições mais avançadas do mundo, destacando-se o direito de livre expressão e liberdade para ir e vir. Ponto para as camadas outrora abandonadas, desassistidas socialmente, como as que caracterizam os nordestinos. Em detrimento disso vemos decepcionados a continuidade da discriminação, não apenas contra os de origem de Estados mais pobres, mas contra os mais humildes, os de menores poderes aquisitivos.
 
Sabe-se que em municípios onde pessoas descendem de europeus a prática de xenofobia é aberta e sem punições. As mídias sociais são ferramentas onde essa podridão se escancara e preocupa. Zombam dos nordestinos como se fossem
sub raça, desqualificados, feios que enojam a sociedade. Como se esses “inúteis” não tivessem forças para o trabalho, para os estudos e que representassem os motivos para a expansão da violência, cujo controle parece ter siso perdido pelas autoridades.
 
Exemplificando o meu Ceará, a última Capitania a ser explorada e governada pelo homem branco, que não sabia – e nem sabe, conviver com os índios, o sofrimento não tirou a esperança do seu povo. E se não fosse o empenho de um português, Martin
Soares Moreno, que não apenas amou os silvícolas, seus primeiros habitantes, insistindo em sua colonização, talvez continuasse sob a administração de Pernambuco
ou Maranhão. Portanto, possui uma raça que superou os complexos e venceu, destacando-se em todos os setores sociais, embora, como em todo o País, dominado pelos ricos.
 
Tais avanços, porém, incomodam. Os sulistas de pele branca e afortunados não aceitam “infiltrações de inferiores”, pois o Brasil é um país de camadas, de modo que a escola nos ensinou que a de cima é dos ricos e a de baixo é dos pobres. Por isso, quando
“um pobre ganha dinheiro subiu socialmente”, e lá de cima poderá dar as ordens aos seus irmãos de baixo.
 
E muitos, hoje xenófobos, não imaginam que descende de índios. Essa falta de valorização é fruto de um fracasso educacional e de uma política voltada para as
elites, no que pese os recentes esforços para corrigir tamanho erro histórico.
O que faltava era a Justiça proibir jovens pobres e de pele escura de frequentarem shopping centers, que segundo um jornalista paraibano que o Ceará recebeu
tão bem, são locais para compras e não para encontros “rolés”. Ou seja, os poderosos, incluindo a mídia, não gostam de gírias, mas sabe-se que o Rio e SP foram que as difundiram.
 
Proibiram os garotos de se encontraram nos centros privados das “patricinhas” sob a justificativa de arrastões, esquecendo-se que a violência é fruto da política desastrosa
que eles desenvolveram. Daqui a pouco meu garoto não poderá marcar um encontro com amigos nos shoppings pela internet porque usa palavras suspeitas, impróprias para a sociedade de consumo, e não poder usar uma roupa ou um tênis de marca, além de possuir pele de gente que fundou esta terra, morena. Triste futuro de uma canalha
preconceituosa que se refugia no manto do vínculo financeiro. E como vou ter que conversar com meus filhos...afinal, pelo visto nossa Carta Magna parece ter ficado só no papel.
 
* Joaquim Lucas Júnior é funcionário da Agência
Fortaleza-Centro
 
Última atualização: 12/02/2014 às 16:04:59
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