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11/02/2014

Nossa Voz - O que queremos para o BNB agora e no futuro?

"A cultura no BNB está virando gestão de eventos”

“Não há desenvolvimento sustentável que não passe pelo viés da cultura. Se a cultura não for percebida como um dos pilares do desenvolvimento sustentável, a chance de fracasso é muito grande.” A frase é do doutor em Antropologia Cultural e professor da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo Gomes Lima, em entrevista dada sobre a relação cultura/desenvolvimento.
 
A frase ecoa ainda mais forte se analisada a partir da realidade, hoje, no BNB. Uma instituição cuja missão é “Atuar na promoção do desenvolvimento regional sustentável” deveria considerar todos os pilares que sustentam o desenvolvimento. Nesse contexto, a cultura tem um peso
considerável. No entanto, o que se vê é o desinvestimento crescente na área: editais que deveriam ter sido lançados e não foram; redução no quadro de pessoal da área; fragmentação da já quase inexistente política cultural...
 
Alguém mais desatento pode até pensar que não há problemas no cancelamento de um edital, por exemplo.No entanto, para uma cadeia cultural já carente de recursos isso impacta negativamente. Além disso, o edital possibilita transparência ao processo de utilização dos
recursos públicos e amplia a participação.
 
“Ele diminuiu a demanda de balcão, onde manda o quem indica; o desinvestimento em editais é um retrocesso”, comenta Gildomar Marinho, funcionário do Banco, músico e conselheiro fiscal da AFBNB. Retrocesso porque antes o BNB trabalhava com patrocínios culturais por meio de atendimento de balcão, com privilégios e apadrinhamentos internos, mas com a criação
do Ambiente de Gestão da Cultura, em 2005, passou-se à cultura dos editais.
 
GESTÃO DE EVENTOS
 
Época de ouro da cultura no Banco nunca houve, na avaliação de Gildomar Marinho. Mas o cenário já foi bem melhor do que é hoje. Até 2012 a cultura tinha orçamento próprio; falava-se na abertura de novos centros culturais; existia um ambiente específico, ligado diretamente à presidência.
O que levou muito tempo para se construir – embora uma política cultural voltada para o desenvolvimento ainda estivesse em construção – levou pouco tempo para praticamente
desaparecer.
 
O ambiente passou para a área de Marketing, num desvirtuamento explícito de sua função, e hoje é uma célula. Os centros culturais são arremedos do que já foram. Tudo isso porque a visão
de mercado (de novo ela) está mais forte do que nunca no BNB, na opinião de pessoas ouvidas.
A decepção de Gildomar com a o destrato com a cultura no Banco é compartilhada por Ricardo Pinto, que esteve a frente do Centro Cultural BNB de Fortaleza até dezembro passado. Para ele - que já foi gerente do CCBNB de Souza (PB) e do Cariri e coordenou os Espaços Nordeste
- ao desmobilizar a área, o Banco deixa de ter uma visão estratégica e estuturante da cultura e passa a ter uma visão pontual. “A cultura no BNB está virando gestão de eventos”, afirmam.
 
Ainda há de haver saída Para Ricardo Pinto, o primeiro passo para reencontrar o caminho é
uma ampla discussão sobre o que a instituição quer com a área cultural; que tipo de política cultural deseja implementar. “É cultura como uma questão estruturadora? Não tem como imaginar que a área cultural vá dar retorno financeiro. É muita inocência achar isso”, afirma. Na avaliação dele, a cultura agrega valor do ponto de vista de consciência humana, ecológica e de desenvolvimento.
 
Isso seria motivo suficiente para ser valorizada. “Antes o que fazíamos era o fortalecimento das cadeias produtivas da cultura, estruturando grupos, permitindo que as pessoas trocassem experiências com outras produções artísticas feitas na região, no país ou no mundo, o que contribuía para a ampliação do olhar”. Ele relembrou uma proposta feita por funcionários do Banco, tempos atrás, de criação de uma fundação cultural, que daria mais independência, inclusive para captação de recursos, responderia pela gestão dos centros culturais, entre
outras vantagens.
 
No entanto, apesar de ter chegado a avançar em discussões internas, nada avançou na prática.
“É preciso colocar a cultura na ordem do dia como fator de desenvolvimento, ter um ambiente de cultura e não centros culturais atuando de forma isolada, é preciso ter um olhar muito mais cuidadoso a um banco de desenvolvimento”, argumenta com propriedade Ricardo.
Última atualização: 11/02/2014 às 17:23:06
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