O Banco do Nordeste do Brasil parece sofrer de dupla personalidade. Pelo menos é o que permite concluir alguns comentários e fatos que têm repercutido na mídia em dissonância com a realidade.
Internamente, as pendências em termos de política de Recursos Humanos se acumulam e parecem se perpetuar, de gestão em gestão, dificultando a vida dos trabalhadores da Instituição. A lista é enorme: ausência de uma política previdenciária que garanta a dignidade após a aposentadoria; falta de transparência nos processos de concorrências internos; carência de pessoal; terceirizações, trabalho gratuito, sobretudo nas agências; tecnologia obsoleta; falta de isonomia de tratamento; condições inadequadas de trabalho nas agências, defasagem salarial, procrastinação de passivos trabalhistas, etc etc etc.
Mais recentemente, a crise na caixa médica do BNB, que resultou nas medidas absurdas e abusivas de reajuste nas contribuições dos associados e a retirada dos genitores do plano natural, sacrificando em cheio os trabalhadores do BNB, ao imputar-lhes o ônus da incompetência e dos desmandos administrativos de anos, intensificam a lamentável realidade. As referidas medidas foram classificadas pela Associação como um verdadeiro “presente de grego” em pleno período Natalino. (Leia textos sobre o assunto em www.afbnb.com.br)
Externamente, entretanto, parece existir outro Banco. Em setembro passado, por exemplo, em plena greve forte, com adesão de quase 100% das agências, o BNB foi premiado por práticas de Gestão de Pessoas! A premiação foi entregue em São Paulo, promovida pela Editora Gestão & RH. O fato mereceu o veemente e tempestivo repúdio da AFBNB, sendo caracterizado como “Troféu Abacaxi”.
Semana passada, o blog de um jornalista cearense publicou a matéria “BNB em alta com Ary Joel; banco tem o melhor desempenho em 10 anos”, causando no mínimo estranheza: “O discreto presidente do Banco do Nordeste, Ary Joel Lanzarin, está comemorando o melhor desempenho do banco em 10 anos. Ary Joel implantou a gestão compartilhada no BNB que resultou em economia, maior segurança nos empréstimos e agilidade nas operações.
Todas as decisões do banco são compartilhadas entre setores e decididas por áreas com todos os responsáveis assinando e se responsabilizando. Se não houver consenso, não tem decisão. A medida vale até mesmo para Ary Joel. O BNB que estava falido e nas páginas policiais deu a virada, voltando as (sic) páginas de economia e prestando serviço ao povo do Nordeste. É possível sentir o alto astral na instituição conversando com os funcionários”.
A frase que destacamos por si só já soaria como ofensa, descaso e desrespeito aos trabalhadores do BNB que enfrentam diariamente os problemas citados no início desse texto. No momento, diante das medidas abusivas na CAMED, a realidade adquire peso ainda maior. A pergunta que não quer calar é: quem mesmo está de alto astral no BNB? Se a medida é o riso, é preciso ter cuidado; como disse o poeta Victor Hugo, “o riso habitual é insosso e o riso constante é insano”.
Ousamos afirmar que não são os trabalhadores que estão em estado de regozijo no BNB! Convém sugerir ao autor da pérola que faça uma visita às unidades do Banco, sobretudo às agências, para aferir a “vida real” e assim fazer um comparativo com o que ele está propagando. Lamentamos em antecipar, mas o mesmo terá uma grande decepção. Aí, certamente, quem lhe direcionou tal fantasia, deverá ser convidado a dar explicações.
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