Durante a 42ª Reunião do Conselho de Representantes da AFBNB, o Nossa Voz conversou com o
presidente do Conselho de Administração do BNB, Diogo Henrique de Oliveira, sobre o momento
atual e as perspectivas para o futuro da instituição , a partir da ótica do Ministério da Fazenda.
NV - Como o Ministério da Fazenda tem visto esses recentes casos de irregularidades no Banco nos últimos tempos?
Diogo Henrique - Nós entendemos que o importante em um processo como esse que tem ocorrido é o comportamento que o Banco tomou diante dos fatos. Foi um comportamento com transparência, com atitude. O Banco usou os meios de que dispõe.
Desde que as investigações evoluíram, os processos necessários foram abertos, a nossa auditoria interna trabalhou fortemente. Entendemos que toda instituição está suscetível a ser alvo de fraudes e problemas, mas o importante é que ela tenha capacidade para contornar, ou seja, que tenha ação e atitude para tratar isso da maneira mais transparente, mais correta possível.
NV - Qual a perspectiva de futuro para o BNB do ponto de vista do Conselho de Administração?
DH - O ponto fundamental é que o BNB é forte, e tem condições de dar a volta por cima e retomar a linha de crescimento. O Banco hoje está com medidas fortes de melhoria do resultado, e de ampliação da sua carteira de produto. Estamos atuando de maneira muito forte, com boas perspectivas de futuro, que, aliás, é o seu desígnio, sua natureza, o seu forte.
NV - O BNB tem duas linhas de atuação de# nidas, uma comercial e outra desenvolvimentista, por ser um banco de fomento. Como o Conselho de Administração e o Ministério da Fazenda encaram esse desafio de administrar e manter um equilíbrio entre essas duas vertentes? E qual das duas é prioritária?
DH - A prioridade do BNB é ser o banco de desenvolvimento do Nordeste. Mas é preciso entender que para ter uma carteira de desenvolvimento, e ter uma rentabilidade bem abaixo do que é o normal de mercado, é necessário ter uma carteira de mercado proporcional a essa carteira desenvolvimentista. Na nossa visão, não há um antagonismo, pelo contrário, o Banco precisa ter um lado comercial suficientemente grande para poder realizar todas as ações de esenvolvimento que ele está encarregado de fazer. O Banco do Nordeste só faz sentido porque é uma instituição de desenvolvimento; se caso não fosse, seria apenas mais um banco comercial pequeno. Ele é diferente por ser um banco de fomento, essa é a natureza dele, e é assim que ele vai ser sempre. Ele foi assim nos últimos 60 anos e continuará sempre sendo assim porque é a sua identidade.
NV - Como o senhor vê a injeção de capital social no valor de R$ 4 bilhões no Banco?
DH - Eu vejo isso do ponto de vista executivo e administrativo. O Banco não precisa de um aporte de capital hoje. O BNB tem hoje um índice de Basiléia próximo de 17, enquanto que o regulamentar seria 11 ou 12.
NV - Então o senhor é contrário ao aumento do capital de R$ 4 bi?
DH - Não sou contrário ao aumento. Eu digo apenas que do ponto de vista de matriz fiscal ele não é necessário. Mas a decisão cabe agora à presidenta Dilma.
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