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30/07/2012

Nossa Voz - Vitória dos trabalhadores do BNB

O pagamento de juros e amortizações da dívida consome quase metade dos recursos da União

Em 2010 foram gastos quase R$ 2 bilhões por dia com a dívida pública. Quem paga essa conta? VOCÊ! Sua família, todos os brasileiros pagam a dívida pública de várias formas: pagamos diretamente por meio dos tributos embutidos em tudo o que consumimos ou recebemos. Pagamos também por meio dos serviços públicos que deixamos de receber em razão do corte de gastos da Saúde, Educação, Segurança, Transporte, Saneamento, Cultura, Assistência Social, etc.

 
O governo não divulga o montante dos juros nominais da dívida pública que estão sendo efetivamente pagos. Nem mesmo à CPI da Dívida concluída em 2010 na Câmara dos Deputados esse dado foi revelado. A referida CPI comprovou que parte relevante dos juros pagos está sendo indevidamente contabilizada pelo governo como se fossem “amortizações”. 
 
Para agravar ainda mais a falta de transparência, a maior parte dessas “amortizações” é informada como se fosse mera “rolagem” ou refinanciamento da dívida, mas, na realidade, é referente aos juros pagos por todos nós. Também não há transparência quanto ao montante da dívida mobiliária. O governo divulga a dívida “líquida”, conceito que é utilizado apenas no Brasil, pois não tem nenhum sentido lógico, a não ser esconder o montante da dívida sobre a qual são calculados os maiores juros do mundo que estamos pagando. A socieda que paga essa conta merece ter acesso à verdade. 
 
O modelo econômico que não tem limites para explorar os recursos naturais, e não tem escrúpulos em poluir o meio ambiente e comprometer a vida no planeta é o mesmo que não tem limites para desviar recursos que deveriam se destinar a gastos sociais - com saúde, educação, saneamento básico, assistência social, moradia digna, entre outros – para o pagamento de encargos financeiros de uma “dívida pública” cuja contrapartida não se conhece.
 
Esse modelo econômico se alimenta de juros e lucros, e é insaciável: quer ganhar cada vez mais e mais. Para isso, trata de obter privilégios legais, tributários, financeiros e políticos que visam a garantir o contínuo fornecimento desses juros e lucros. 
 
A ganância presente modelo é tão grande que ele também não tem limites para a corrupção. Aliás, a corrupção é intrínseca a essa situação que explora ininterruptamente o planeta e a maioria de seus habitantes, para a mera acumulação por parte de uma minoria. Esse modelo de acumulação se chama Capitalismo e está em crise. 
 
Um dos principais mecanismos criados por esse nocivo modelo para extrair a renda real produzida pela sociedade que trabalha e produz é o “Sistema da Dívida”. De maneira muito esperta, aproveitando-se da carga moral que envolve toda dívida assumida - já que em geral todos respeitam a dívida e se preocupam em pagá-la – o Capitalismo usurpou o instrumento do endividamento público. Em vez de aportar recursos ao Estado, o “Sistema da Dívida” extrai recursos de áreas sociais para destinar cada vez mais ao pagamento de juros e amortizações de dívidas que não param de crescer.
 
Por conta de tudo isso, vivemos um grande paradoxo no Brasil: somos a 6ª economia do mundo, com imensas riquezas e potenciais. Por outro lado, somos um dos países mais injustos do mundo, tendo a 3ª pior distribuição de renda, segundo o índice de Gini e, vergonhosamente, o 84º lugar em atendimento aos direitos humanos, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) medido pela ONU, pois milhões de brasileiros ainda vivem na miséria, passam fome, e mais da metade da população sequer tem acesso a saneamento básico. O privilégio da dívida representa grande ameaça aos direitos sociais no Brasil.  
 
Afinal, que dívida é essa que dita a política brasileira, que consome anualmente a metade do orçamento, que retira os direitos conquistados e congela salários, que amarra o país, sacrifica o povo que não para de crescer e já alcança a cifra de R$ 3 trilhões? 
É urgente investigar essa dívida e revelar a verdade. O instrumento para se realizar essa investigação é a auditoria. Auditoria Já!
 
Maria Lúcia Fattorelli é Auditora Fiscal da Receita e coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública
Última atualização: 30/07/2012 às 11:51:32
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