“Quêdi” o pedaço do nosso bolo? Quais são as melhores formas de descobrir o verdadeiro culpado? E quando sabemos de quem é a culpa, adianta chorar pelo leite derramado? Essas três perguntas resumem bem os questionamentos que tenho ouvido dos colegas benebeanos.
Pra começar, dizem que o pedaço foi engolido pelas provisões. E se for mesmo verdade, me explique como é que é esse negócio aí de provisão! Parece-me que é assim: os funcionários atingem os resultados, geram lucro, colocam tudo em uma sacola, mas aí vem o grande lance: a sacola está furada! E o furo é grande! Daí vem à sacada genial (figura de linguagem: ironia) – o
lucro gerado pela classe trabalhadora é retirado para remendar os erros de alguém (ou alguns)!
Mas espere um pouco: de onde vem esse buraco? Quem foram os responsáveis por ele? Quem são os responsáveis por operações que resultaram nesse provisionamento? Não fui eu!, eu digo logo! E tenho certeza de que a culpa não é dos meus colegas que diariamente estão empenhados fazendo o seu melhor, mesmo enfrentando constantemente as instabilidades/desestabilidades dos sistemas, a falta de pessoal (principalmente nas agências), a complexidade normativa, e outras tantas barreiras. Não, nobres colegas, a culpa não é nossa!
E o que fazer, “meu caro Watson”? Até agora, para nos acalentar, o Banco está propondo uma tranquilizadora forma de devolver o que ele generosamente nos adiantou (mais uma vez a figura de linguagem) e ainda mais, um generoso empréstimo a ser pago a perder de vista! “Então está tudo muito bom! Pessoal, é isso mesmo! Agora é o jeito aceitar essa proposta!” E assim muitos colegas se posicionam!
Será mesmo que não há mais nada a se fazer? Uma coisa é certa, e ficou claramente estabelecido na 41ª Reunião do Conselho de Representantes da AFBNB, o que está acontecendo na (má)gestão do Banco deve ser publicizado. A sociedade precisa tomar conta dos movimentos obscuros que fizeram e estão fazendo no nosso BNB. O que aconteceu com a nossa PLR tem íntima relação com as interferências políticas sofridas pela nossa instituição; que nos impedem de agir como um Banco de desenvolvimento e atuar com o foco no social, na agricultura familiar, na micro e pequena empresa. Fazem um deslocamento duvidoso dos recursos do Banco (o sujeito dessa oração por enquanto é indeterminado) e o lucro gerado pelos trabalhadores serve apenas para cobri-los - daí chamada provisão.
Precisamos nos aproximar mais e discutir com afinco tanto o problema da PLR quanto o da gestão do Banco. A estratégia deve ser traçada pela base, os mais lesionados pelo problema. Não arriscarei aqui uma saída. Mas tenho certeza que algo pode ser feito. Se o Banco propôs um empréstimo é porque ele pode tomar algumas decisões administrativas. E essas medidas administrativas devem ser melhores que um empréstimo! Ainda esse ano foi lançado o PROESF III com objetivo de renegociar as dívidas/empréstimos dos funcionários, que até onde se sabe não são poucas. E como propor mais outro empréstimo? Acredito que não é este o melhor caminho.
Fiquemos vigilantes. “Se você está tranquilo é porque está mal informado”
*Elton Menezes é Representante
da AFBNB na CRO/Ceará
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