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26/04/2012

Nossa Voz - 41ª RCR: O BNB que a sociedade nordestina precisa

Inovar para desenvolver

 

O Nossa Voz conversou com o Professor Doutor em Economia, Jair do Amaral, um dos palestrantes da 41ª RCR. Ele fala sobre a necessidade de inovação não apenas no Banco do Nordeste, mas nas estratégias do Governo Federal para o desenvolvimento da região e na atuação da classe política nordestina. 
 
 
NV - Na sua opinião, hoje, o BNB atende aos parâmetros do desenvolvimento que a região precisa?
 
Jair do Amaral - Creio que o BNB se enquadra, sim, nos parâmetros de desenvolvimento regional, na medida em que o mesmo canaliza fundos e recursos financeiros públicos para projetos produtivos na região Nordeste. Em situação normal de mercado, nenhum banco privado do porte do BNB teria esse tipo de atuação, dado que, sendo orientado pelo mercado e pela aversão ao risco, procuraria fórmulas mais rápidas e seguras de rentabilidade, muito provavelmente longe do Nordeste. Importante lembrar que um banco, mesmo sendo de desenvolvimento, deve procurar recuperar os recursos financeiros aplicados nos projetos atendidos pelo banco. A questão é saber se o volume de operações do BNB está sendo suficiente para atender ao nível (elevado) de investimentos necessários para tirar o Nordeste do atraso que o separa de outras regiões mais desenvolvidas do país. Quanto a isso, me parece que não.
 
NV - O BNB está prestes a completar 60 anos e a impressão é de que já foi bem mais forte e representativo para a região do que é hoje. O senhor comentou que não tem conseguido enxergar o papel estratégico do Banco. Ambas as constatações são graves. Quais seriam os motivos que levaram o BNB a essa situação?
 
JA - Sem dúvida, o BNB já foi mais forte e representativo para a região em outras fases da sua trajetória. Em décadas recentes, seu grau de importância ou de representatividade decresceu, por várias razões. Uma delas relacionada à incapacidade do governo federal de estabelecer uma estratégia clara de desenvolvimento para a região, problema este que produziu um esvaziamento das instituições federais presentes no Nordeste, das quais a SUDENE foi a mais afetada. Outras razões estão associadas à entrada de novos atores e instituições no processo de desenvolvimento do Nordeste (governos estaduais e suas políticas de desenvolvimento, inclusive de incentivos fiscais, que ganharam mais autonomia depois da Constituição de 1988, e os instrumentos de transferências financeiras e de transferências de renda à população pobre, por exemplo). No meio dessa nova configuração é natural que o BNB tenha perdido um pouco do seu papel estratégico, principalmente porque ele ainda não conseguiu reunir um aporte financeiro que lhe permita ações mais contundentes em termos de impacto sobre as transformações estruturais na região.
 
NV - O BNB precisaria se reinventar para se inserir neste cenário? Ao se reinventar, não correria o risco de se desviar de sua missão?
 
JA- Por uma questão de sobrevivência e adaptação, qualquer organização deve buscar inovações, reinvenções, etc. Com o BNB não seria diferente. Mas é preciso, antes de tudo, que o próprio governo federal como um todo, assim como a classe política nordestina se reinventem em relação ao desenvolvimento do Nordeste. Isto significa afirmar que os impactos das operações do BNB serão limitados caso não ocorram mudanças significativas no nível e na qualidade da educação do povo nordestino bem como no nível e na qualidade da infraestrutura e logística da região. Quanto ao BNB, especificamente, creio que o mesmo tem espaço para buscar inovações no seu foco estratégico mas também na posição de liderança técnica e intelectual entre as organizações públicas da região.
 
NV - Qual a importância dos bancos  regionais hoje, para as regiões nas quais atuam e para o Brasil?
 
JA - Creio que o BNB pode ampliar a importância da sua atuação por meio de uma melhor definição do seu foco estratégico, o que deve ser acompanhado da ampliação dos aportes de recursos financeiros que sejam capazes de, ao mesmo tempo, satisfazer as altas escalas das necessidades dos investimentos e os termos contidos no acordo de Basiléia, que exige disponibilidade financeira compatível com o nível dos empréstimos. Além disso, é importante que se discuta a conveniência e a oportunidade do BNB atuar de forma expressiva também na formação de capital dentro do segmento da infraestrutura industrial. Neste ponto, me preocupa a decisão eminente de se diversificar as operações do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste-FDNE com outras instituições bancárias que, mesmo sendo de natureza pública, não reúnem a expertise necessária para acompanhar processos de desenvolvimento regional. Por isso, tornou-se mais do que urgente o BNB buscar se reinventar, também, no aspecto da liderança do conhecimento técnico com o objetivo de justificar uma participação privilegiada na repartição dos recursos disponibilizados pelo FDNE.
 
 
Última atualização: 26/04/2012 às 17:06:09
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