Não, esse texto não trata de cenário mundial ou de crise político-econômica. Fala de crise sim, todavia em um âmbito mais restrito: a crise no BNB. O Banco do Nordeste tem se projetado externamente, sobretudo por meio dos programas de microcrédito - considerados exemplos no Brasil e mesmo na América Latina - e junto ao seu público-alvo. O governo federal também deve estar satisfeito com os resultados obtidos pela instituição, que se superam a cada ano. Basta dizer que o número de operações contratadas pelo Banco no ano passado cresceu 25,8% em relação a 2010. Outro dado: apenas no primeiro semestre de 2011 o Banco havia lucrado 173% a mais que no mesmo período do ano anterior. Além disso, o BNB ainda é a instituição que - pelo menos na teoria - tem o diferencial de pensar saídas desenvolvimentistas para a região na qual atua.
Internamente, no entanto, a imagem do BNB junto aos seus trabalhadores não é das melhores, tendo piorado pela falta de transparência nas informações - sejam elas relacionadas à política macro, das estratégias de desenvolvimento do Banco ou informações mais simples, do dia a dia das agências. Diferente do que possa pensar qualquer patrão desavisado, a preocupação dos funcionários do BNB vai bem além das questões funcionais. Eles se preocupam com o futuro do Banco enquanto instituição de desenvolvimento, preocupam-se com a forma como o crédito vem sendo aplicado, preocupam-se com as falhas nos sistemas, que abrem brechas para fraudes e desvios de recursos que, por consequência, abalam o Banco e sua imagem perante a sociedade; preocupam-se com os mandos e desmandos políticos dentro da instituição e com o nome do Banco estar associado a práticas de corrupção.
Por que isso estaria acontecendo? Falta de comando? Burocracia demasiada? Interferências políticas? Falta de compromisso com a região ou de conhecimento dos problemas que angustiam o funcionalismo? Foi pensando nesse cenário e nessas questões que a AFBNB, quando da indefinição do nome de quem presidiria o BNB, divulgou o perfil que defendia não só para o presidente mas para o conjunto de gestores. A prática não é nova, uma vez que garimpando informes antigos da Associação vemos que em gestões passadas a prática também existiu. Mas, se antes o que defendíamos tinha alguma influência, hoje é com pesar que constatamos que não fomos ouvidos.
Quanto à administração atual, não poderá defender-se com base no desconhecimento dos problemas. A AFBNB tem sido incisiva em seus posicionamentos; cobrado permanentemente e não só isso, apresentado saídas e alternativas viáveis para assuntos que afligem o corpo funcional do Banco mas o velho ouvido de mercador prevalece, em uma atitude desrespeitosa não apenas com a Associação, mas, sobretudo, com quem ela representa: quase 6 mil funcionários - ativos e aposentados do Banco do Nordeste do Brasil.
No cumprimento de sua missão, a AFBNB colhe informações, conversa com a base, confere in loco denúncias de associados, elabora ofícios, produz matérias sobre os assuntos e encaminha aos responsáveis, já que não compete à Associação efetivamente solucionar tais demandas.
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