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22/08/2011 |
Plural - A reflexão que se põe |
A reflexão que se põe |
* Gilberto Mendes Feitosa
A Aparência passa a ser questionada por Hegel, como um substantivo (brilho e aparência) e/ou como verbo (brilhar, aparecer). O brilho é a manifestação da essência que, através de um furtivo movimento de desdobramento, se mostra. Isso se dá porque o ser está constantemente a passar para outra coisa; externalizando aspectos de si mesmo num pôr-para-fora infinito.
Confrontos de pensamentos fizeram partes destes questionamentos acerca da aparência, considerando-a como o nulo, o não-essencial, embora o nulo e o essencial não tenha seu ser em outro senão seu ser que é a própria igualdade consigo. Esta mudança do negativo consigo mesmo tem-se determinado com a reflexão absoluta da essência, a negação de si mesmo.
A compreensão que temos é que a reflexão é o movimento do nada até nada, o qual constitui assim a negação que se funde em si mesma, numa simples igualdade consigo mesma; isto é, a imediação. Assim esta fusão é em primeiro lugar a igualdade consigo mesma ou imediação; já em segundo lugar está a imediação que é a igualdade do negativo consigo mesmo e que nega a si mesmo. Ela é portanto, o negativo – o ser que não é.
O que os filósofos da reflexão, Fichte e Hegel, Lachelier e Lagneau, expressaram sobre a reflexão, de forma que ela permite ao indivíduo apreender-se em sua unidade espiritual, aquém da mudança e de qualquer ação no mundo: a reflexão nos permitiria atingir uma certa experiência da eternidade o qual Hegel denominou este estado “vida especulativa”, e Bergson identificou-o à experiência da “durée” (“duração”). A noção da reflexão pode, assim, ter um sentido psicológico e um sentido metafísico como intuição da realidade profunda do “eu” e do Espírito universal em nós.
A contribuição filosófica do autor para o esclarecimento da compreensão da reflexão parte também do relacionamento do negativo a si mesmo, constituindo o seu retorno a si: o retorno a partir do uno. Neste o ser posto, a imediação é considerada puramente como determinação, isto é, que reflete. Esse retorno a si do negativo, é aquela imediação como reflexão mesma. Por fim, a reflexão é o movimento que, por ser retorno, começa e volta.
Sendo a reflexão a eliminação do negativo de si mesma, ela elimina assim seu próprio estabelecer que é o seu pressupor. No pressupor a reflexão determina o retorno de si, como o negativo de si mesmo, cuja eliminação representa a essência. O retorno da essência é a igualdade consigo mesma. No retorno, a imediação superada, a chegada da essência até si mesma, é o ser simples, igual a si mesmo. Então este chegar até si mesmo é a superação de si mesmo, é a reflexão.
A forma como Locke define a reflexão como sentido interno, como algo contraposto essencialmente à sensação – a reflexão significa “aquela notícia que o espírito adquire das suas próprias operações e do modo de efetuar, em virtude o que chega a possuir idéias destas operações no entendimento”.
Para finalizar essa questão acerca da reflexão – Kant chama a reflexão como à “consciência da relação entre as representações dadas e as nossas diferentes fontes do conhecimento”.
(Ensaio filosófico sobre “A Reflexão que se Põe” – Hegel).
*Gilberto Mendes Feitosa é funcionário do BNB (Teresina-PI) e diretor da AFBNB
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Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00 |
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