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20/11/2009

Plural - Edição novembro/2009

Lições da Campanha Salarial 2009, por Francisco de Assis Araújo

O contexto desenhado por banqueiros, governo e centrais sindicais governistas era o de que a economia ainda jazia numa crise, portanto, com limitações no atendimento às reivindicações dos trabalhadores bancários. Todavia, os bancos brasileiros que já surfavam livremente nas fartas ondas lucrativas do mercado financeiro, de altas taxas de juros e exorbitantes tarifas bancárias, ainda contaram com a "ajudinha" de 160 bilhões de reais injetados pelo governo federal. Em nome da "crise", a Contraf e Comando Nacional rapidamente defenderam o índice extremamente rebaixado de 10%, qual recebeu severas críticas da categoria. Em assembléia, os bancários do Ceará - além de rejeitarem o índice - exigiram da direção do sindicato que levasse essa insatisfação ao Comando Nacional.

    Não obstante a tentativa de desmobilização do movimento já antes de seu início,  o que vimos foram greves unificadas no país a partir do dia 24/09/2009. Motivados pelos baixos salários; pelas metas abusivas azedadas por assédio moral e trabalho gratuito; pela insegurança no trabalho;  pela ausência de uma política de recursos humanos de valorização, dentre outros, os trabalhadores cruzaram os braços, mostraram disposição de luta e conseguiram progressos importantes, porém,  mais precisamente no campo da luta de classes.

    Em primeiro lugar devemos registrar o ensinamento que fica aos trabalhadores  quanto à omissão à crítica que os sindicatos deveriam ter feito à Justiça do Brasil, em aplicar interditos proibitórios em defesa dos banqueiros e sua adequada qualificação como aparelho repressor do Estado. É uma contradição, mas o progresso dos trabalhadores consiste exatamente no cair da máscara dessas direções. Não foi por acaso que a greve foi um verdadeiro fracasso no maior banco privado do Ceará, o Bradesco, apesar de isso sozinho ser insuficiente para justificar a apatia do movimento paredista no banco referido.

    Há muito que os trabalhadores questionam a mesa única da Fenaban. Nesta campanha ficou patente a inoperância de tal estratégia. Não é mais nem razoável a Contraf-Cut insistir nessa prática vez por outra denunciada pela categoria em seus fóruns, qual tem única e exclusivamente o objetivo de esconder o patrão dos bancos públicos, o governo federal, por não atender às reivindicações dos trabalhadores - reposição das perdas passadas, isonomia de tratamento, planos de previdência, salário base do Dieese, etc.

    No entanto, o Governo Federal, pressionado pela greve forte no Banco do Brasil, cedeu 3% no Plano de Cargos; não estendido aos demais bancos estatais. O Comando Nacional, comprometido com o governo e os patrões,  orientou a suspensão da greve neste e nos privados. A greve nos privados acabou imediatamente e os trabalhadores do BB resistiram, mas a greve terminou logo depois também no BB pelo relaxamento das direções sindicais em manter o mesmo nível de mobilização do dia anterior. É absolutamente indigesta a aceitação dos 6% de reajuste pelo Comando Nacional.

    Fica ainda à classe trabalhadora a mensagem de que os governantes de hoje praticam os mesmos atos que outrora combatiam quando estavam no movimento sindical. Assim como os anteriores, ditadores e neoliberais, o governo também usa dos instrumentos de dominação, a exemplo da justiça burguesa, escancarando sua incapacidade de negociar, pois permitiu o ajuizamento do dissídio coletivo da Caixa Econômica Federal e do BNB.

    Já a forte greve do BNB em nível nacional foi visivelmente golpeada pelo tão conhecido atrelamento da direção do Seeb-Ce à direção do Banco. Repudiável foi o constrangimento que muitos gestores e assessores de superintendentes  foram submetidos para que enchessem as dependências do sindicato no dia 14/10/2009, e mais intrigante ainda foi a falta de ação da direção do sindicato perante o perigo iminente. Porém duas lições se destacam em nossa greve: uma que a greve no BNB acontece independentemente da base do Ceará e  outra que os trabalhadores do BNB tem dignidade sim de fazer greve sozinhos, mesmo que contra estejam a direção do Banco e seus colaboradores do movimento sindical.

Francisco de Assis Silva de Araújo é diretor administrativo da AFBNB
Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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