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31/07/2009

Plural - Edição julho/2009

BNB 57 anos - Desenvolvimento local abandonado?

Por Valdi Fideles dos Santos

São comuns no Brasil, quando não ausentes, esforços governamentais dispersos, inconstantes, não abrangentes e, às vezes, sobrepostos. Isso seria minimizado com a implantação de uma espécie de “agência de desenvolvimento local” ou órgão equivalente autônomo e moderno com competência institucional para transitar e articular nos âmbitos dos poderes municipal, estadual e federal, tendo como objetivo diagnosticar potencial, identificar oportunidade, cotejar planos de governos e acompanhar a dinâmica das informações sócio-econômicas da microrregião, mantendo e processando dados para, continuamente, gerar indicativos e disseminá-los às forças desenvolvimentistas social e econômica disponíveis para aquele município, induzindo-as a operarem em esforço concentrado, culminando com um atendimento oportuno, suficiente e capilarizado.

Para imprimir funcionalidade permanente e dividir responsabilidades, esse suposto órgão seria composto de basicamente três agentes, sendo um do município, um do estado e o agente do BNB representando o governo federal, com despesas logísticas compartilhadas.  Diferente do modelo funcional do programa de agente de desenvolvimento do BNB, adotado em 1997, neste caso o agente do banco focaria mais esforço no capitaneamento de projetos gerados para financiamento. Quanto às demais necessidades conexas identificadas pelo idealizado órgão, seriam sistematizadas e encaminhadas às instâncias de políticas públicas competentes para busca de soluções possíveis.

O leque dos que prometem o progresso é imenso: ministérios, secretarias estaduais, secretarias municipais, SUDENE, DNOCS, Codevasf, BNB, BB, BNDES, CEF e outros tantos indutores de desenvolvimento do nordeste.  Do outro lado, estão lá o cidadão, a propriedade e a região, cada qual com seu potencial e vocação, demandando estímulos e muitos não terão a oportunidade de serem “trabalhados” por esses “braços” governamentais.

Essa falta de racionalidade na aplicação de recursos e integração de ações atrapalha o desenvolvimento do Brasil. Enquanto isso, em vez de produzirmos, continuamos comprando produtos e bugigangas asiáticas com a ilusão de serem baratos, quando na verdade muitos deles são descartáveis. Por isso que vários desses paises experimentam (ram) forte enriquecimento ao conseguirem exportar tudo a todos neste planeta afora.

Será que o Nordeste, por exemplo, com fabriquetas em cada fundo de quintal não conseguiria vestir o mundo?  Não seria a hora de manufaturar e faturar, agregando valores às nossas matérias primas e exportar mais?  Por que o forró não consegue virar pop mundial e faturar bilhões (?), ficando sempre nessa pisada com letras de apologia às bebidas e ao duplo sentido, além de desprovido de ineditismo em sua musicalidade? E a nossa floresta nativa de árvores frutíferas sendo dizimada ao longo do tempo? Ora, qualquer um pode transformar-se num plantador eventual, principalmente os que não trabalham por estarem escorados nas mensalidades dos beneficiários do Bolsa Família ou aposentadoria rural.

O alarde de aquecimento da economia do Brasil se satisfaz apenas com a âncora dos gastos de bilhões de compras com juros e de carros novos, estes em pouco tempo serão consumidos pela ferrugem, após entupirem as ruas, poluirem e consumirem nossas reservas de petróleo. Ao passo que priorizar a criação ou desenvolvimento das cadeias produtivas locais é fundamental para um crescimento e distribuição de rendas consistentes, propiciando, em consequência, ampliação do mercado consumidor para, aí sim, garantir mútua sustentabilidade frente aos demais e grandes projetos produtivos da nação.

Portanto, no momento em que o governo federal pensa em adotar medidas estratégicas e de longo prazo para o nordeste, o aniversariante BNB deveria formatar e liderar a implantação de mecanismo nesse sentido, como forma de retomar sua atuação em prol do desenvolvimento local, desta feita de forma mais otimizada e prática.

Vladi Fideles atuou como agente de desenvolvimento em 1997. É um dos demitidos da gestão Byron Queiroz.
Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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