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19/12/2011

Nossa Voz - Retrospectiva 2011

2011: uma abordagem da crise e da gestão pública

Por Assis Araújo

2011 foi marcado por uma série de acontecimentos que ficarão registrados na história e sobre os quais farei alguns comentários: a crise na Europa e seus reflexos no Brasil; a gestão pública e o capitalismo;  autonomia e direção estratégica no BNB; e reorganização dos trabalhadores no mundo, no Brasil e no BNB.

A crise econômica se aprofundou na Europa e o povo saiu às ruas para dizer que não aceita pagar uma conta que não é sua. E de fato isso é uma verdade inquestionável porque quem constrói as “moedas podres” são os capitalistas, ou melhor, os magnatas detentores do capital, sempre aliados  aos governos de plantão, por eles financiados, e, portanto, devedores conscientes.

Apesar dos esforços dos governos brasileiros de plantão, primeiro Lula e depois Dilma, em  incutirem a falsa idéia de que a crise é uma marolinha e que o Brasil está protegido, não foi exatamente isso que o povo brasileiro experimentou na prática. Dilma, preocupada com os grandes negócios dos seus financiadores, logo se apressou em anunciar um corte de 50 bilhões de reais bem no início do seu governo, ao tempo que se calou diante do aumento vergonhoso em causa própria (mais de 100%) e dos seus aliados legislativos em torno de 70%. A saga de ataques à classe trabalhadora continuou com a restrição ao aumento dos aposentados e segue com a reforma em curso da previdência social que atingirá em cheio os servidores públicos, caso não haja uma reação política a altura.

Outro fato político importante foi a queda de 7 ministros do Governo Dilma. No entanto, o governo segue firme como se nada tivesse acontecido, ou melhor, a estrutura de poder no Brasil conseguiu uma estabilidade tal que mesmo com 6 destes ministros caindo por corrupção não se percebe uma ação organizada dos movimentos sociais para  exigir mudança nesta estrutura, como se a corrupção partisse da vontade individual de alguns e não fizesse parte do sistema capitalista.

A finalidade da Gestão Pública é colocar os recursos públicos a serviço do público - o nome fala por si! Mas quando estaremos certos que isso ocorrerá? Avalio que somente quando os trabalhadores forem senhores dos órgãos públicos, decidindo em conselhos populares e praticando o que chamamos de democracia operária. Enquanto não construirmos este modelo de gestão seremos presa fácil do engodo no qual o Brasil é palco: empresários/banqueiros dominam os meios de comunicação, estabelecem a ideologia da “felicidade” no caos e em sintonia  com  governos comprados; tudo para explorar, extorquir, corromper e roubar a vida, em síntese.

Com um olhar mais interno ao BNB podemos aferir que a Gestão do BNB seguiu seu rumo de incertezas. Faltou autonomia à presidenta Dilma para dar uma nova feição ao órgão público e o Banco permanece carente de um direcionamento estratégico no qual as ações reflitam um direcionamento organizado. Todos sentem ausência de gestão estratégica capaz de imprimir à instituição BNB a idéia de organismo. Tomaria como exemplo o questionamento sobre o atraso tecnológico sentido nas agências do Banco. Não é admissível que a Direção do Banco não discuta em conjunto e dê solução a este imbróglio, já que, para alguns técnicos, potencial existe; o que falta é prioridade.

Mas a classe trabalhadora deu saltos qualitativos no que se refere a sua (re)organização para o enfrentamento aos ataques impostos, bem como na luta em defesa dos direitos e melhorias salariais. Destaque para a luta dos professores Brasil afora para impor respeito à Lei do Piso e por mais recursos para a educação pública – 10% do PIB para a educação pública, Já! E destaque para os trabalhadores do BNB e BASA, que seguiram em greve sem a presença do BB e CEF. No BNB, os trabalhadores exigiram o fim de uma série de injustiças, tais como falta de ISONOMIA de tratamento, fim do assédio moral e do trabalho gratuito, correção das distorções do PCR e por dignidade previdenciária, dentre outras.

Resumindo, 2011 foi um ano de aprendizados. E que venha 2012.

*Assis Araújo é diretor da AFBNB, filiado ao PSTU, militante da CSP Conlutas e integrante da Oposição Bancária no Ceará.
Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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