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09/09/2010

Nossa Voz - Nordeste: Desenvolvimento Social ou Modernização Conservadora?

Modelos de desenvolvimento em debate na RCR

O Nordeste está quabrando o paradigma de “região-problema”. A afirmação advém do forte crescimento que a Região vem apresentando nos últimos anos, com taxas acima da média nacional e com a saída de milhares de nordestinos da linha da pobreza; o que é o fato novo desse crescimento, resultado das políticas de transferência de renda do Governo Federal.

Essa discussão foi travada no painel principal da 38ª Reunião do Conselho de Representantes pelo professor da Universidade Federal do Ceará e pós-doutor em Economia, Jair do Amaral Filho, e pelo presidente da Associação dos Funcionários do BNB, José Frota de Medeiros.

Jair relembrou o que, para Celso Furtado, poderia dar certo na região, a partir de princípios contidos em sua obra, como a necessidade de  planejamento econômico; a transformação progressiva da economia das zonas semiáridas, com elevação da produtividade; as transferências governamentais como mecanismo de compensação à transferência de valores do Nordeste para o Sudeste e incentivos fiscais: mix de transferências governamentais-regionais com modelo de “base econômica” e valores como racionalidade, modernidade, republicanismo  e federalismo. “Federalismo que funciona para valer precisa ter em si mecanismos de equidade”, afirmou.

Segundo o professor, o que existe hoje é um mix de modelos de desenvolvimento, alguns concentradores de renda, como os modelos exógenos, que vêm de fora, como o Pólo Petroquímico, a própria Vale do Rio Doce e modelos endógenos, baseados em sistemas e arranjos produtivos locais. O modelo que poderia ser considerado ideal seria aquele que não concentra renda, baseado em políticas de coesão regional, dentro do princípio da equidade regional, com coesão social.

O modelo atual, que tem retirado milhares de famílias da situação de extrema pobreza, graças às políticas de distribuição de renda, possibilitou que essas famílias consumissem, mas é um modelo desvinculado da produtividade. Por isso, traz em si alguns riscos, como a facilitaçao da propagação da “economia do favor” e o retardamento dos ajustes estruturais, ou seja, não incentivar políticas estruturais voltadas para a competitividade, o que para o professor é um dos motivos que levam a região a ainda apresentar indicadores sociais baixos: o crescimento econômico sem mudança estrutural, na atividade produtiva. Ele citou como exemplo o fato de terem sido os setores de Administração Pública e comércio varejista os que mais cresceram em volume de emprego na região Nordeste.
E o que falta para o Nordeste dar certo? Investimentos na qualidade da educaçação fundamental; aprofundamento da base de conhecimento técnico-científico; qualificação das administrações públicas e cooperação horizontal entre os estados do Nordeste.

O presidente da AFBNB, José Frota de Medeiros, ratifica as condições listadas por Jair, sem as quais não é possível desenvolvimento com inclusão social, mas reforça que o que falta também é uma política específica para a região. “O que houve foi uma reação do Nordeste às políticas nacionais”.

Para Medeiros, a necessidade de uma política específica para o Nordeste durante anos sequer esteve na pauta nacional, voltando à tona com o Projeto Nordeste, elaborado pelo então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger, que entre suas assertivas dizia que não há solução para o Brasil sem solução para o Nordeste e não há solução para o Nordeste sem solução para o semiárido.

Ele ressaltou ainda que apesar dos números relativos ao cresimento econômico serem alvissareiros, a realidade ainda está bem aquém do aceitável. “Não vamos nos impressionar muito com os números. Nenhuma economia se realiza no vácuo social”, afirmou.

Medeiros também resgatou ações da AFBNB no sentido de contribuir para a elaboraçao de um plano de desenvolvimento regional, como as estratégias contidas no livro Por um Nordeste Melhor, e o documento que está sendo produzido a várias mãos, coordenado pela Associação, direcionado aos candidatos à Presidência da República.
Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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