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29/01/2010

Nossa Voz - BNB e AFBNB: décadas de lutas pelo Nordeste

A voz da experiência

O Nossa Voz conversou com o ex-presidente do BNB, João Alves de Melo, sobre como era a relação do Banco com as entidades durante a sua gestão à frente do Banco e a avaliação dele do trabalho dessas instituições. Atualmente, Melo é diretor presidente do Instituto de Estudos, Pesquisa e Projetos da UECE - IEPRO. Confira os melhores trechos da entrevista:

Nossa Voz – Como era o relacionamento entre as instituições (AFBNB e BNB) no período em que o senhor presidiu o Banco do Nordeste?

João Alves de Melo - No período em que presidi o Banco a Associação já era uma entidade constituída e atuante. Para se ter uma idéia, quando fui convidado para ser presidente do Banco o convite partiu de um ex-presidente, Mauro Benevides, que estava àquela altura à frente da presidência do Senado. No convite ele já me pedia de antemão que fizesse um contato direto com os representantes da Associação dos Funcionários, desse ciência do convite e procurasse ouvi-los acerca disso para saber se existia de fato um consenso de que um funcionário do Banco estaria de fato em condições de assumir a presidência da Instituição. Então você vê o tamanho do prestígio que a Associação tinha.

Com certeza houve momentos em que a AFBNB também fez cobranças à sua gestão...

Naquele período houve momentos que eu diria muito ricos em termos de relacionamento entre gestores do BNB e a nossa entidade maior, que era a AFBNB. Um fato atesta perfeitamente isso. Logo depois que assumi a presidência do Banco começamos a nos preparar para o Plano Real, que trazia para as instituições financeiras uma perda de todas as receitas inflacionárias que na época eram significativas. Para se ter idéia, representavam quase 50% das receitas do BNB. O Banco precisaria reduzir a despesa em torno de 42%, o que era uma coisa terrível. Naquele momento ficamos com duas alternativas em mãos: reduzir o quadro de pessoal ou fazer corte vertical na prorrogação do expediente para que a Instituição continuasse existindo sem o risco de dar prejuízo todos os anos. Eu trouxe esse cenário para discussão com a AFBNB, AABNB, Sindicatos e chegamos ao consenso de que o melhor caminho era o corte na prorrogação do expediente. Você imagina, AFBNB e sindicatos concordarem com uma proposta dessas! [Nota da AFBNB: O apoio da AFBNB à medida se deu também por ir ao encontro a uma bandeira histórica da entidade, de cumprimento da jornada de 6 horas, na perspectiva da geração de novos postos de trabalho e combate ao trabalho gratuito]. Não houve tanta reclamação por parte dos funcionários porque nós fizemos uma coisa que precisava ser feita: nos reunimos com todos os funcionários do Banco, começamos pela direção geral, depois fizemos reuniões regionalizadas e dessa forma fomos negociando com cada companheiro nosso essa medida antipática mas necessária, porque o Banco não tinha outra alternativa. Então você veja que a Associação não só reivindica aumento de salário. Quando chega na hora de compreender que a Instituição BNB é maior do que qualquer coisa e que precisa ser preservada ela (a Associação) se alinha.

Qual a importância da existência das organizações representativas dos funcionários hoje, num contexto dito democrático?

Essas instituições têm um papel importantíssimo na vida democrática de qualquer organização, seja Banco ou qualquer tipo de empresa. Nós estamos cada vez mais exigindo que a democracia se transforme de representativa pura, como normalmente ela é exercida pelo mundo afora, numa democracia participativa. E para ter participação você tem que contar com o outro lado, com a visão do outro lado, com a visão de quem reivindica. Então, Sindicatos, Associação de funcionários, ativos ou aposentados, são os representantes desse outro lado. Eles têm uma visão diferente daquela de quem está no poder, no exercício do cargo de presidente de uma instituição como o BNB. E essa visão de lá, somada com a de cá, ajuda a se fazer as coisas. O Banco não poderia de forma nenhuma viver bem, administrar bem, ter uma convivência ideal com seus funcionários se não fosse com a participação da AFBNB e da AABNB. Essas duas entidades são importantíssimas na vida da Instituição. Trabalhar pelo seu fortalecimento é um dever de todos nós; elas devem existir e existir fortes. Nós temos muita consciência de que os funcionários do Banco, todos eles, e esses que estão à frente dessas entidades sabem fazer as coisas de uma maneira muito consciente. Eles não procuram os absurdos. Não existe esse negócio de se reivindicar o absurdo. Quando se faz uma reivindicação acima da medida é para se negociar.

Avaliação do presidente

“Geralmente as empresas querem que as entidades representativas sejam passivas; que se ajoelhem e digam amém a todos os atos de gestão”, explica o presidente da AFBNB, José Frota de Medeiros. “No caso da AFBNB, dizem que somos ‘contra o Banco’. Por interesses diversos, muitos tentam desqualificar ou falsear as críticas que fazemos”, completa. Ele explica que nos últimos três anos o relacionamento com a superior Administração do BNB tem sido tenso, com algumas exceções. “Nós sabemos diferenciar Banco do Nordeste com gestão de plantão. Poderemos até caminhar juntos, se a estratégia da Administração favorecer os direitos dos trabalhadores da Instituição”.

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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