Mais de um mês de paralisação e saímos desta greve com a sensação de que fizemos nossa parte, mas esperando muito mais por parte do Banco, afinal, a proposta aprovada deixou diversas lacunas para os trabalhadores. Alguns podem até pensar que o saldo dessa mobilização, que chegou a envolver mais de 80% das agências do Banco, ficou aquém do merecido - e ficou de fato - mas há um outro saldo, extremamente positivo, que não pode ser esquecido ou minimizado: a capacidade de luta, consciência política, organização e mobilização dos trabalhadores do BNB.
Sem dúvida, essa greve foi pedagógica em vários sentidos: os que aderiram, o fizeram por estar cientes de que hoje recebem bem abaixo de seu valor enquanto trabalhador de um banco de desenvolvimento e do que merecem em retribuição ao seu trabalho; foi pedagógica também por possibilitar o exercício de identificar a incoerência de uns e os interesses que estão por trás de determinadas atitudes. Foi uma prova de resistência, por não ter sido levada a toque de caixa pelos outros bancos, como acontecia em outras épocas, pois apesar do retorno da Caixa Econômica e do Banco do Brasil, os trabalhadores do BNB permaneceram em greve até que alguma proposta avançasse.
Foi pedagógica também porque algumas questões que criticávamos puderam ser comprovadas na prática, como o modelo insustentável da mesa única da Fenaban. Bancos públicos e privados são de naturezas diferentes! É certo que a finalidade de uma instituição financeira é o lucro, mas os meios de se alcançá-lo diferem se públicas ou privadas.
Além disso, muitas máscaras caíram – por ação ou omissão – dos dois lados da trincheira. Foram promessas não cumpridas, ações não realizadas, boataria generalizada, passividade vergonhosa. Mas até isso é positivo, porque fortalece aqueles que levam o movimento a sério, que arcam com o ônus e com o bônus das decisões coletivas e acreditam que é com a organização e a apropriação da luta que se conseguirá alterar o status quo vigente.
Foi uma greve digna e nós, que fazemos a AFBNB, nos orgulhamos de ter participado desse momento construído por cada trabalhador do BNB que conscientemente aderiu ao movimento.
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