Fale Conosco       Acesse seu E-mail
 
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras


01/07/2009

Nossa Voz - Trabalho: promotor de saúde ou doença?

Processo democrático nas eleições sindicais

Alberto Ubirajara*

Estamos vivenciando uma oportunidade de renovação no movimento sindical brasileiro, com a aproximação de eleições para a composição dos sindicatos em diversas bases. Essa renovação é extremamente necessária para que se resgate a dignidade e a essência do movimento sindical, hoje visivelmente esgotado por ter renegado, ao longo dos últimos anos, seu perfil de combatividade e de independência, optando pelo estabelecimento de relações de subalternidade aos governos e ao Estado.

Nesses processos eleitorais é preciso atenção, pois no afã de se manterem no poder, verificamos que muitos “dirigentes” agridem frontalmente os princípios democráticos, além de jogarem o jogo sujo da vitória a qualquer preço, com informações truncadas, boatos difamatórios e promessas que eles próprios sabem que não serão cumpridas.

Nestes casos, o jogo de interesses atinge principalmente as chapas concorrentes que não estão atreladas ao sistema e que de fato têm compromissos com a base e com os princípios de autonomia e independência em relação a governos, partidos e patrões.

Por mais que pareça absurdo, hoje não é difícil encontrar diretorias viciadas e atreladas ao sistema, que contam com o apoio descarado de estruturas patronais e governamentais, resultando no enfraquecimento da luta dos trabalhadores com a conseqüente retirada de direitos conquistados anteriormente. Ora, essa conseqüência é óbvia, uma vez que as mesas de negociação acabam por se transformar não num espaço de disputa, mas de acordos rebaixados onde só quem sai perdendo é o trabalhador.

Por este motivo, muitas vezes as eleições viram palco de um jogo de interesses conflitantes em que chapas comprometidas com as bases terminam por saírem em desvantagem, por não contar (felizmente, diga-se de passagem) com a máquina e as ingerências do patronato em favor dos conservadores-governistas.

Quer um exemplo? O Sindicato dos Bancários do Maranhão divulgou recentemente uma denúncia gravíssima, de suspeita de comissionamentos de sindicalistas. A denúncia diz que em janeiro deste ano o secretário-geral e coordenador da comissão de negociação da CON¬TRAF-CUT, Marcel Juviano Bar¬ros, teria sido comissionado pelo BB, “passando de caixa executivo para uma comissão equivalente a AP 6, o que significa receber um salário de R$ 7.600,00”. Em junho, outra diretora do sindicato dos bancários de São Paulo, Ana Paula Domenico¬ni, teria também sido promovida de caixa executivo a assessora sênior da Diretoria de Mercados e Capitais (DIMEC), com o mesmo salário de R$ 7.600,00. O problema: Marcel e Ana Paula são representantes dos funcionários do BB na mesa de negociação. O que esperar de negociações mediadas por eles?

Para mudar essa situação é necessário promover alterações nas estruturas sindicais, e que a categoria possa compreender o significado de combater tais posturas. Não são poucos os exemplos em que, mesmo com o apoio patronal, as chapas governistas têm sido derrotadas, o que comprova que a base é sábia e sabe ler nas entrelinhas o que está acontecendo.  

Temos a plena convicção de que a superação desta degeneração sindical está sendo vitoriosa e que os trabalhadores saberão discernir entre os “capituladores”  e os que querem realmente defender os interesses da classe trabalhadora. Sindicato é para lutar! Não para servir pequenos grupos, traficantes das políticas patronais.

Alberto Ubirajara é diretor da Associação dos Funcionários do BNB e do Sindicato dos Bancários de Pernambuco.

 

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras
 

Colunas

Versão em PDF

Edições Anteriores

Clique aqui para visualizar todas as edições do Nossa Voz
 

Rua Nossa Senhora dos Remédios, 85
Benfica • Fortaleza/CE CEP • 60.020-120

www.igenio.com.br