Apesar da relevância, o tema saúde tem avançado pouco nas mesas de negociação. A opinião é de Plínio Pavão, diretor de saúde da Contraf. Ele acredita que se avançou quanto à conscientização do trabalhador para o problema, mas ainda de forma parcial. “A grande consciência que devemos ter é de que não somos propriedade do patrão”. José Barberino, diretor para assuntos de saúde do Sindicato dos Bancários da Bahia (SEEB-BA), concorda e acrescenta: “fazemos greve por melhorias financeiras mas somos incapazes de parar alguns dias por condições de trabalho que não afetem nossa saúde”.
No SEEB-BA, a aposta é na prevenção através da informação. São produzidas cartilhas sobre LER/DORT e assédio moral – que afeta em cheio a saúde física e mental do trabalhador –, realizadas palestras e seminários, dentre outras ações de acompanhamento da saúde do bancário. Barberino também reforça que o modelo de organização do trabalho, as metas abusivas, as pressões internas e externas resultam em trabalhadores doentes. “Não somos máquinas!”, alerta. O afastamento do trabalho, que deveria amenizar o problema, às vezes o agrava. “Talvez o grupo social com quem passamos mais tempo seja o do trabalho. Quando o trabalhador adoece e se afasta, de repente se vê alijado desse grupo, excluído. O afastamento pode trazer uma sensação de inutilidade, de abandono...”
No BNB, uma conquista recente no âmbito da saúde foi a criação do Conselho de Usuários da Camed, ainda em fase de estruturação. O Conselho será formado por representantes do Banco e das entidades representativas dos funcionários, com função consultiva para acompanhar, divulgar e sugerir ações de proteção, promoção, recuperação e melhoria da qualidade de vida dos integrantes do Plano de Autogestão da Caixa de Assistência Médica. Outro ponto que está sendo discutido é a migração dos genitores para o plano natural.
Algumas cláusulas não obtiveram avanços até o momento, como o aumento da contribuição do Banco no Plano de Custeio da Camed, com o percentual duas vezes maior em relação à contribuição dos funcionários, e o Fundo especial de custeio à saúde, destinado a cobrir despesas de elevada monta não compatíveis com o plano de custeio tradicional. Questões importantes como tratamento para dependentes químicos e aumento do limite de sessões de terapia ainda estão fora da discussão.
Para o diretor de comunicação da AFBNB, Dorisval de Lima, a questão da saúde é bem mais complexa: “Quando os direitos do trabalhador forem plenamente respeitados, quando não for mais permitida a prática de assédio moral, quando as metas a serem atingidas forem compatíveis com a realidade e a remuneração for justa, aí sim o ambiente de trabalho não produzirá tantos doentes”.
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