A construção de uma institucionalidade forte da AFBNB foi o destaque maior neste ano de 2008. Hoje a entidade é reconhecida em todas as instâncias do Congresso Nacional e também no Conselho Deliberativo da Sudene, maior organismo de planejamento estratégico para a região Nordeste. Isto elevou a AFBNB ao reconhecimento de uma entidade que luta por um Nordeste melhor e por um Brasil justo, naquela hipótese fundamental de que nós só teremos um país forte se nós tivermos também um Nordeste desenvolvido, com o bem estar social de seu povo.
Participamos de várias manifestações de apoio e luta à causa dos trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e o fim do fator previdenciário, que em outras palavras significa a defesa do nível de renda dos pensionistas e aposentados. Quanto às relações de trabalho no âmbito do Banco do Nordeste, tivemos muitas conquistas.
Buscamos conduzir nossas ações de maneira estratégica, e isso de certa maneira não teve boa acolhida no Banco, porque tivemos que tomar uma posição incondicional em defesa dos direitos dos trabalhadores. Isso culminou no reconhecimento dos nossos colegas e se refletiu na greve, que foi vitoriosa e arrancou o melhor acordo de 2003 para cá. Isso não foi por acaso. Foi uma luta rígida e tivemos que estar permanentemente alertas com relação às manobras da direção do Banco no sentido de rebaixar o acordo. E, pela primeira vez na história recente do BNB, a correlação das forças organizadas dos trabalhadores teve vantagem com relação à Instituição.
A luta por melhores condições de trabalho e salário para os funcionários do Banco do Nordeste está inserida dentro da luta pelo fortalecimento do BNB. A incompreensão desta realidade vem, infelizmente, da contradição em que o capital trabalha. Os que estão com o capital e querem a otimização do lucro não compreendem que para se formar um Banco do Nordeste sólido é preciso também que haja uma dignificação da sua força de trabalho e que tenhamos um conjunto de trabalhadores competentes, treinados, satisfeitos e comprometidos com as causas do Nordeste.
Quanto ao ano de 2009, vejo um cenário perigoso por causa da crise mundial e do que está se desenhando no sistema financeiro nacional e internacional. Essas fusões e incorporações com o objetivo de salvar o sistema financeiro poderão apontar uma lógica de que os bancos regionais - Banco do Nordeste e Banco da Amazônia - devam ser os próximos a ser incorporados ao Banco do Brasil. Mas nós acreditamos na força e na mobilização de toda a sociedade política e a sociedade civil do Nordeste e do Norte – e é com isso que devemos contar. Mas esse perigo existe; não há dúvidas de que todas as crises que existiram no capitalismo foram resolvidas com os trabalhadores pagando a conta. Marx dizia que uma idéia se torna uma estrondosa força material e transformadora quando ela se une e se assemelha com as organizações sociais. Dessa forma, as manifestações e ações de luta que poderão vir serão um contraponto a essa tendência de querer resolver a questão da crise no ombro dos trabalhadores.
A AFBNB, dentro da sua tradição de luta em defesa do Nordeste e do BNB, jamais poderá aceitar que medidas de mercado venham querer sanear e equacionar problemas criados pelo próprio mercado. É como se você tivesse um cachorro correndo atrás do próprio rabo: daí não sai nada a não ser as mesmas coisas, as mesmas misérias, mais exclusão social... e a classe dominante permanecendo intacta, nada se transformando na sociedade.
Marcio Pochmann disse certa vez que a grande oportunidade que nós temos de pensar hoje um novo processo civilizatório é colocando como epicentro de tudo o ser humano e a sua felicidade, o que será o coroamento de todas as lutas sociais.
*José Frota de Medeiros é presidente da AFBNB |