Mobilizar pessoas hoje para questões coletivas, seja com que objetivo for, não é tarefa das mais fáceis. Vários fatores levam à apatia nessa sociedade predominantemente marcada pelo estímulo ao individualismo. Talvez por isso tenha sido tão surpreendente o resultado da campanha salarial deste ano, na maioria dos bancos, inclusive no BNB.
Entre os bancos públicos, o Banco do Nordeste era a instituição onde, nos últimos anos, o movimento grevista era menos intenso, apesar da insatisfação reinante entre seus trabalhadores, preteridos de alguns benefícios que seus colegas de outras instituições tinham direito.
Esse ano o cenário foi outro: mentes – que foram conquistadas graças ao diálogo e ao empenho de nobres companheiros e companheiras – impulsionaram a maior greve dos últimos anos no BNB. Sangue novo foi injetado, literalmente, no movimento: novos funcionários, aguerridos, juntaram-se aos que tinham mais experiência e mostraram à sociedade que é apenas a luta coletiva e a convergência de esforços que pode mudar uma realidade.
Na contramão desse momento histórico, cenas dignas do passado ainda persistiram, como assédios e boatos que tentavam desmobilizar o movimento. Tais práticas, independente do insucesso de tais investidas e do amadurecimento político dos envolvidos, tendem a continuar existindo, já que fazem parte da dicotomia patrão/empregado.
Os resultados da mobilização e aula de cidadania que foi a greve no BNB este ano vão muito além das letras de um acordo coletivo: dizem respeito ao resgate da dignidade enquanto trabalhadores, à capacidade de pensar o coletivo e à saída de um momento de letargia para a luta por melhorias tão necessárias a todas as categorias. O engajamento, coragem e força de vontade no entanto não devem se restringir apenas ao período salarial, mas também deve estar presente em outros momentos onde pairam ameaças aos trabalhadores e a nossa região. Devemos permanecer vigilantes. Avante, trabalhadores do BNB! |