Foram 24 dias de greve, entre 30 de setembro e 23 de outubro. Se no BNB o movimento grevista começou tímido, pouco a pouco foi incorporando novas unidades, graças ao empenho de alguns e ao engajamento e coragem de muitos. O resultado foram 135 unidades do BNB paralisadas, trabalhadores mais conscientes da importância da mobilização e união para a conquista de direitos e um acordo que não foi dos melhores, mas que trouxe avanços.
E o que pensam os repre-sentantes da AFBNB, desse processo? Eles, que estavam lá, na ponta, tendo de encarar pressões ?
O Nossa Voz ouviu vários deles. De um modo geral, a avaliação da campanha deste ano foi positiva, sobretudo pela adesão em massa. No entanto, questões como o medo de retaliação, a falta de liderança e ausência de uma ação voltada para a população ainda precisam ser superadas. Vejamos:
“Este ano, sem dúvida, fizemos história dentro do banco. O nosso ganho passou de aumentos salariais e de benefícios, pois nós conseguimos mudar nossa forma de atuação e conscien-tização. O movimento grevista deste ano provou que esta nova remessa de funcionários sabe o que quer e como conseguir melhoras trabalhistas; além do mais ficou evidente para a direção do banco que seus novos funcionários não baixaram a cabeça nem tampouco se acomodaram com situações que não sejam favoráveis ou benéficas para a classe. O BNB sem dúvida entra numa nova fase, onde a conscien-tização, luta e união fizeram a diferença em prol das conquistas. Parabéns a todos que estiveram à frente do movimento e saibam que me sinto honrado e realizado de ter participado do surgimento desta nova geração. Futuro é aquele onde todos participam do presente”. (Mário Ibsen Costa, Gararu/SE)
“Na campanha deste ano tomei conhecimento efetivo e fui muito bem alimentado de informação sobre o movimento por meio das mídias, internet, jornal e outros. No entanto, senti profunda falta de aproximação do sindicato no período pré e ao longo dos dias de paralisação. Ainda existe muito temor por parte de alguns colegas para aderirem à greve, mesmo sabendo de seus direitos” (Um representante do RN).
“Avaliamos o movimento grevista como vitorioso. Com o movimento que pudemos ver este ano estamos certos de que muitos conseguiram entender o valor que temos como bancários e cidadãos que cumprem com suas obrigações e que, acima de tudo, lutam para ver seus direitos garantidos. Brava gente brasileira! Esperamos, com o tempo, que aqueles que não tiveram coragem de entrar na luta pelos seus direitos sintam na consciência o peso de poder usufruir dos benefícios alcançados pelo esforço dos que lutaram com dignidade. Vitória com honra só se consegue com luta” (Um representante de SE).
“Destacaria como pontos positivos o maior engajamento de LUTA por parte dos companheiros do Passaré, os quais eram vistos antes como alheios às nossas dores e angústias; maior compromisso e honradez da parte do Banco, em cumprir com o compromisso de seguir as decisões da Campanha 2008, e a maior unidade, tanto nas Assembléias pró-greve quanto nas de suspensão do movimento
Balanço da greve
A última greve do BNB foi certamente uma das maiores já vivenciada pelos funcionários do Banco do Nordeste. O movimento paredista teve início nas agências da Bahia e do Maranhão, ainda no dia 30 de setembro, quando vários sindicatos país afora decidiram fazer greve por 24 horas. Nestes estados, através de legítimas assembléias, os funcionários decidiram continuar a greve por tempo indeterminado.
Por conseguinte, outros estados foram aderindo ao movimento grevista, que foi ganhando bastante força dia após dia. Sergipe e Pernam-buco, irradiados pelo exemplo baiano e maranhense, decretaram greve nos dias 2 e 3 de outubro, respectivamente.
Todavia, a partir do dia 8 de outubro, o movimento paredista ganhou notável pujança. Todos os sindicatos dos estados onde o BNB atua decidiram iniciar o movimento grevista, posto que o Banco apresentava à época proposta muito aquém dos anseios dos funcionários.
A greve prolongou-se por mais de duas semanas e em seus últimos dias mais de 135 agências do Banco em todos os estados do Nordeste, além de Minas Gerias e Espírito Santo, aderiram ao movimento. Alguns estados, como Bahia, Alagoas e Paraíba tiveram 100% de adesão, ou seja, todas as agências paralisadas.
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