O mês de agosto foi marcado pelo lançamento, Brasil afora, da campanha salarial 2008 da categoria bancária, cuja data-base é 1o de setembro. Com os ótimos resultados obtidos pelas instituições financeiras no primeiro semestre, tudo indicava que banqueiros e Governo Federal estariam mais abertos às reivindicações dos trabalhadores. Mas o endurecimento nas negociações demonstrou que os bancários devem se organizar e mostrar seu poder de mobilização e luta para conquistar os avanços esperados.
Após seis rodadas de negociações, nas quais rejeitaram quase todas as propostas sobre saúde e condições de trabalho, igualdade de oportunidades, emprego e segurança, os banqueiros – representados pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) – anunciaram uma proposta rebaixada de reajuste, de 7,5% (para uma inflação de 7,15% medida pelo INPC). Esta mesma proposta de índice se estende aos bancos públicos que aderiram à mesa única da Fenaban, a exemplo do Banco do Nordeste. A resposta dos bancários não poderia ser outra senão a greve.
E por falar em BNB, a minuta específica, resultante do Congresso Nacional dos Funcionários, foi entregue à diretoria da Instituição no dia 22 de agosto. Desde então, foram três rodadas sem avanços significativos, com várias cláusulas destacadas que continuam pendentes. Tudo esbarra na burocracia do DEST – órgão do Governo Federal que deve se manifestar sobre os pleitos das empresas estatais. É por essa razão que a Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB) defende a mesa única dos bancos públicos, como forma de fortalecer as lutas afins destas instituições.
Para o presidente da AFBNB, José Frota de Medeiros, só a mobilização e a organização da classe trabalhadora pode reverter esse quadro. “O BNB tem usado uma fórmula que restringe as conquistas, sobretudo no que se refere à Participação nos Lucros e Resultados (PLR). É necessário que haja mobilização para que o Banco siga as conquistas do acordo geral, o que geralmente não tem acontecido, sob argumentação de impedimentos normativos”, afirma Medeiros. Ele considera que é preciso disposição de luta para evitar acordos rebaixados e reforça a necessidade de estratégias que pressionem para ganhos efetivos. “Banco não tem coração, tem cofre. E cofre cheio, graças ao trabalho dos bancários. A pressão é a arma mais eficaz para dobrar essa insensibilidade”, afirma. |