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11/08/2008

Nossa Voz - Você conhece a estratégia de gestão do BNB?

Desafios às desigualdades sociais na América Latina

O II Colóquio Brasileiro em Economia-Política foi organizado através de apresentações de teses sobre o tema Sistemas-Mundo. O evento foi aberto com a explanação do filósofo Roberto Patrício Korzeniewink, da Universidade de Maryland/EUA, sobre as desigualdades sociais da América Latina.

Dentro dessa primeira abordagem discutiram-se os aspectos históricos de formação e colonização que influenciaram e influenciam na constituição político-econômica da sociedade brasileira. Após a apresentação, todas as teses abordaram as ondas cíclicas do Capitalismo, começando com a crise mercantilista, na Europa do século XV, até os dias atuais.

A partir da crise das manufaturas do final do século XV, quando ocorreu a tomada de Constantinopla pelos turcos, o escoamento do comércio das especiarias pelo Mediterrâneo ficou muito oneroso, diminuindo os lucros da emergente elite comercial européia. Surgia, então, a necessidade de se buscar novos mercados e novos produtos.

Nessa abordagem, fez-se uma análise crítica sobre o termo “globalização”, chegando-se à conclusão de que a idéia já aparece com as grandes navegações em busca dos novos mercados e, diante disso, trazendo a reflexão de que a “naturalidade” do processo não vai ser tão natural como a maioria pensa, mas será traduzida como mais um mecanismo para salvar o capitalismo de suas crises cíclicas e aprofundar a exploração entre dominadores e dominados, entre países e regiões.

Nesse sentido, podemos observar o que aconteceu à sociedade brasileira e às regiões mais atrasadas. Pelo processo de colonização do Nordeste brasileiro, por exemplo, para favorecer os interesses dos exploradores europeus, a região foi obrigada a produzir praticamente somente aquilo de importância econômica para a Europa, como a produção açucareira colonial, com mão-de-obra escrava e em grandes latifúndios, o que, obviamente, podemos considerar como uma das origens dos gravíssimos problemas sociais e políticos que o Nordeste ainda enfrenta.

Mas há outras crises mais recentes do capitalismo, como a do petróleo do início da década de 70, que fizeram com que o centro do capitalismo mundial tivesse posturas mais agressivas para toda América Latina, implementando idéias que trazem a irreal necessidade de abertura total e diminuição da atuação do Estado na economia. Na verdade, uma roupagem nova das idéias liberais do início do capitalismo, hoje chamada “neoliberalismo”.

O evento colocou as dificuldades dos governos que resistem a essa dominação, como a Frente Venezuelana de Hugo Chaves. E as explicações para essas dificuldades já se dão na formação da própria superestrutura dos estados latino-americanos, organizados através dos interesses das elites nacionais, que tentaram de todas as formas se manter no poder, mesmo que tal atitude representasse a oferta da soberania dessas nações para a elite internacional.
Por tudo isso, concluímos que essa ordem mundial, que não tem nada de natural, montou uma estrutura político-econômica em nossa sociedade, infestando as estruturas com uma cultura e uma ordem que leva para o caminho da exploração e da dominação.

Assim, fica o desafio de quebrarmos esses males através de uma contra-cultura e da organização das bases sociais, para podermos construir um estado realmente voltado aos interesses coletivos e de diminuição das desigualdades sociais e regionais, com instrumentos fortes de combate à pobreza; trazendo para o debate as sociedades organizadas e propondo resistências concretas às dominações econômicas e à ordem do mercado.

Para isso, devemos primeiramente ter consciência de que esses organismos deverão ser trabalhados e montados fora da lógica do mercado, pois essa é a lógica esperada pelos ditames capitalistas, mas como um instrumento concreto de transformação, participação e inclusão social, o que tornará mais claro que os tissunames capitalistas não vão passar (as ondas cíclicas fazem parte do sistema) e que, por isso, precisamos ficar atentos e não cairmos nas ciladas de dominações.

* Welly Alves Prado é funcionário do BNB, lotado na agência Crateús, e foi o sorteado no Projeto de Formação Política promovido pela AFBNB. O evento sobre o qual escreveu ocorreu em Florianópolis (SC), nos dias 30/6 e 1/7/2008.

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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