No livro “Por um Nordeste melhor - proposta de estratégias de desenvolvimento regional”, o Conselho Técnico da AFBNB aponta que a Gestão Ambiental merece destaque na construção de um Plano Nacional de Desenvolvimento Regional.
Para Ademir Costa - membro do Conselho Técnico da AFBNB, licenciado em Filosofia e graduado em Comunicação Social, além de militante do Movimento Proparque, em Fortaleza - a civilização forjada pela humanidade nos últimos três séculos deu-nos a capacidade de curar umas doenças e gerar outras. “A maior delas é a contaminação do planeta Terra que, de tão agredido, exige trégua”, afirma.
Diante das mudanças climáticas, desertificação e outros males, Ademir aponta que o Brasil não pode se fazer de surdo; deve adotar novas posturas e convencer outras nações a buscar alternativas a esse modelo de civilização. Dessa forma, um Plano Nacional de Desenvolvimento Regional precisa ter uma visão de futuro cujo pano de fundo é esta ameaça presente. “O desenvolvimento a ser perseguido deve ser outro, baseado nas premissas da susten-tabilidade, e não, naquelas do gozo desenfreado agora, sem solidariedade com nossos contemporâneos nem com nossos netos, bisnetos...”, diz.
O documento sugere que questões básicas como reserva legal, áreas de preservação permanente, outorga de água e sistemas básicos de gestão ambiental devem ser observadas. Para Adeildo Evangelista, que também integra o Conselho Técnico da AFBNB, “faz-se necessário um plano diretor de uso e ocupação do solo nordestino que deve ser liderado pela SUDENE e pelo BNB, por serem órgãos criados para planejar e executar ações de desenvolvimento regional”.
Ademir lembra que o desenvolvimento sustentável, conforme o Relatório Brundtland, "é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades" (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991. 430 p.). Assim sendo, “os grandes projetos devem ser avaliados não só pelas divisas e lucros gerados, mas pela contribuição para a vida das pessoas em termos de conhecimento, conforto, convivência, distribuição de renda, elevação da cultura, longevidade e permanente regeneração dos recursos naturais. Projetos que dão lucros financeiros exorbitantes, mas deixam para trás a devastação ambiental são, na verdade, deficitários”.
Segundo Ademir Costa, o poder público lida com a gestão socioambiental de forma ambígua. Leis que não saem do papel, órgãos de fiscalização desmantelados, vistorias por amostragem... A sociedade organizada pode ajudar a reverter essa realidade. “Nós, da AFBNB, podemos nos juntar a setores da sociedade que se mobilizam no sentido de o Brasil buscar e adotar outras alternativas”. Para ele, podemos e devemos exigir outro modelo de desenvolvimento. “É hora de pensar como os jovens franceses de 1968 que pintaram nos muros de Paris: Seja razoável. Exija o impossível”.
Conteúdo extra: Entrevista completa com Ademir Costa |