O segundo painel da 33ª Reunião do Conselho de Representantes da AFBNB, que versou sobre “A importância da representação de Base para a Ação política coletiva”, na tarde do dia 28 de março, teve como palestrante Miguel Anacleto, diretor do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e presidente do Instituto Brasileiro de Amizade e Solidariedade aos Povos.
Anacleto fez uma retrospectiva sobre a organização da classe trabalhadora no Brasil, desde as transformações no ambiente de trabalho até às tentativas de controle por parte do capitalismo. O destaque foi dado ao surgimento das centrais sindicais, no fim dos anos 70 e 80, com a retomada da organização do movimento de trabalhadores, até então enfraquecido com o atrelamento das entidades representativas ao Estado, na Era Vargas. “O Movimento sindical sofreu e sofre uma tentativa elegante de cooptação”, opinou Anacleto. De acordo com o diretor, os movimentos de trabalhadores devem ser livres, independente de Governo.
No segmento bancário, em particular, a luta ainda não é a desejada. Uma das grandes conquistas da classe – a escolha de delegados sindicais – não trouxe o impacto esperado na busca por direitos, segundo Anacleto. “Não houve salto de qualidade na forma de intervir na organização do local de trabalho”, afirmou, acrescentando que a busca pela coletivização do trabalho e solidariedade na base ainda não foi alcançada.
O palestrante trouxe ainda para a discussão a grande influência de fatores externos, como o avanço de novas ciências e modernização da automação, para a estagnação de movimentos sindicais e hostilidade dos trabalhadores. “No caso do bancário, o maior companheiro no local de trabalho é o computador; ele não pode mais conversar com ninguém”, ressaltou Anacleto. Para ele, as novas modalidades de emprego – funcionário fixo, estagiário, terceirizado – fragmentam a categoria e fortalecem as atitudes de hostilidade. Apesar disso, os movimentos sindicais não estão lutando para acabar com tal fragmentação, o que pode ocasionar o fim das entidades, na opinião do diretor.
“É preciso ousar para ganhar espaço”, disse Anacleto, convocando os representantes da AFBNB a lutarem por mais espaço para os movimentos. Para ele, é necessária a união entre os trabalhadores para uma classe mais forte e um mundo mais justo. “Não podemos pensar num país melhor só como bancários, mas como cidadãos”, acrescentou.
Ao final da explanação, o diretor da AFBNB e mediador do painel, Waldenir Britto, fez um paralelo entre as idéias apresentadas por Anacleto e o papel dos representantes da Associação, destacando o seu poder de decisão através da Plenária e lembrando a importância e responsabilidade de levar as discussões para dentro de suas unidades. |