O primeiro painel da Reunião do Conselho, na manhã do dia 28, abordou o tema principal do evento: “Financiamento regional e fortalecimento do BNB”. Foram palestrantes a economista e socióloga Tânia Bacelar, diretora da CEPLAN – Consultoria Econômica e Planejamento; o Diretor Administrativo da Sudene, Saumíneo da Silva Nascimento, e Atenágoras Duarte, doutor em economia e membro do Conselho Técnico da AFBNB.
Em sua explanação, a professora doutora Tânia Bacelar contextualizou o debate sobre financiamento e desenvolvimento regional no Brasil. Ela explicou que, no passado, desenvolvimento era tão somente visto como crescimento econômico, erroneamente. Segundo a professora, “observamos mudanças de paradigma no campo da economia e da política. Discutir desenvolvimento hoje implica considerar o peso da inovação, a crise ambiental, a valorização da escala local”, destacou Bacelar. Segundo ela, para consagrar um modelo de desenvolvimento lógico e organizado, as principais propostas, hoje, tentam trabalhar em múltiplas escalas: apostam em agentes de desenvolvimento externo, mas contam com a ajuda e a experiência própria dos agentes locais.
Ainda segundo a Diretora da CEPLAN, é fundamental que haja coesão entre os entes federativos, pois essa harmonia ajudaria bastante como elemento estruturador das políticas regionais. Para dar vazão à sua idéia, a economista utilizou o exemplo da União Européia, bloco coeso, “supranacional, nacional e regional”, onde nenhuma das instâncias governamentais anula a outra. “Eles não desmontam as políticas, mas reestruturam papéis e funções; sabem lidar com múltiplos objetivos”, destacou, lembrando que no Brasil os interesses regionais conflitantes fazem com que os Estados permaneçam em competição com os outros. Bacelar destacou a necessidade de uma Reforma Tributária para pôr fim à “guerra fiscal” entre os Estados e a importância da regionalização do Orçamento Geral da União (OGU) para a desconcentração dos recursos.
O segundo palestrante foi o economista, doutor em geografia e Diretor Administrativo da Sudene, Saumíneo da Silva Nascimento. Nascimento, de antemão, traçou um quadro estatístico do BNB apontando desafios e estratégias a serem adotadas. Ele explicou que o Banco é “eminentemente rural”, pois 70% dos seus clientes são agricultores familiares, mas conta com apenas 6% da rede bancária da região. Baseado em dados concretos, o diretor da Sudene apontou caminhos e ações a serem tomadas pelo Banco para seu maior crescimento sem, contudo, desfazer-se de sua missão desenvolvi-mentista.
Na segunda parte de sua palestra, Nascimento adentrou no tema Sudene. Ele ressaltou que os técnicos e diretores da Superintendência estão analisando caminhos para reerguê-la com vigor. Como forma de atrair recursos além do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste [FDNE], o economista é favorável a uma política de “incentivos fiscais” como “instrumento fabuloso de captação de investimentos”. Sendo uma Superintendência voltada especificamente para tratar do desenvolvimento nordestino, a Sudene tem um propósito que muito se assemelha ao do Banco do Nordeste. As duas instituições podem ser vistas como agentes fomenta-dores da região. Sendo assim, Nascimento deixou claro que o relacionamento entre BNB e Sudene será de muita cumplicidade para que “um fortaleça o outro”.
O último a proferir palestra no painel principal foi o doutor em economia e membro do Conselho Técnico da AFBNB, Atenágoras Duarte. Este discorreu sobre o crescimento econômico no capitalismo e suas conseqüências nefastas. “O modelo liberal gera crescimento econômico, mas traz consigo volatilidade e concentração de renda, não desenvolvimento”. Duarte falou que o Brasil deve desenvolver seu próprio modelo de economia, sem precisar se atrelar ou mimetizar experiências de países desenvolvidos. O professor ressalta que índia e China, por exemplo, fazem isso muito bem.
Em um segundo momento, o conselheiro técnico da AFBNB defendeu, dentro de suas propostas para o BNB, “crédito para investimentos focados nas micro, pequenas e médias empresas e cooperativas”. Duarte também é defensor de um conglomerado estatal para que as empresas da União compartilhem tecnologias e idéias, cresçam e se desenvolvam cada vez mais.
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