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19/12/2007

Nossa Voz - 2007: Ano de muitos embates e conquistas

“Aumento do capital social é vital para o crescimento do BNB”

“Aumento do capital social é vital para o crescimento do BNB”

Em suas articulações junto aos parlamentares, a AFBNB tem defendido uma série de ações para o fortalecimento do Banco do Nordeste. Para falar sobre o assunto, o NOSSA VOZ convidou o professor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-presidente do BNB, Nilson Holanda.

Nossa Voz - De que forma o aumento do capital social do BNB fortaleceria a Instituição?
Nilson Holanda - A primeira questão a ser destacada é que hoje, com o desenvolvimento do sistema financeiro, as instituições precisam crescer de forma muito mais rápida do que no passado. Então um dos grandes desafios ao Banco do Nordeste - que já existia no passado, mas que hoje é mais premente ainda - é a busca de alternativas para crescer de forma acelerada, aumentando a sua participação na oferta de crédito regional e a sua participação no sistema bancário nacional, sem prejuízo de sua rentabilidade e de sua solidez econômica e financeira. E esse crescimento hoje está limitado exatamente pelo capital. O Banco tem condições de mobilizar recursos de outras fontes, mas para tanto precisa que seu capital seja aumentado. Então, a restrição principal hoje é exatamente o valor do capital social, em função não apenas do chamado Acordo de Basiléia II, mas em decorrência da questão elementar de como alcançar a relação mais adequada que deve existir necessariamente entre o capital próprio e os recursos tomados de empréstimos de terceiros. Dessa forma, o aumento do capital social do Banco é uma questão vital para suas possibilidades de crescimento. Estamos vivendo hoje uma experiência interessante: além dos bancos privados, os próprios bancos estatais estão na corrida para aumentar a sua participação no meio bancário. Um exemplo típico é o Banco do Brasil, que inclusive adotou a estratégia de absorver quatro bancos estatais estaduais para aumentar mais rapidamente as suas operações.

Nossa Voz - A AFBNB também propõe a ampliação da rede de agências do Banco. Como o sr. avalia esta questão?
Nilson Holanda - Este é outro grande desafio do BNB: como crescer aceleradamente, num contexto restritivo em termos de sua área geográfica de atuação. Como banco regional ele não pode expandir suas operações fora do Nordeste (as agências de São Paulo e Rio de Janeiro foram criadas exclusivamente para permitir que o Banco aproveitasse melhor certas oportunidades financeiras, especialmente no caso do câmbio, pois o Nordeste era tradicionalmente vendedor de câmbio e o Sudeste comprador). Do ponto de vista político isso é muito importante, porque o Banco não pode perder a sua característica regional. Caso contrário, ele poderia perder a sua identidade e seria muito difícil justificar a sua existência. Então, ele precisa aumentar muito as suas aplicações dentro da própria Região. E para isso é fundamental expandir a sua rede de agências. É claro que o Banco sempre teve uma estratégia muito cautelosa, porque as agências têm que ter uma escala mínima para se tornarem sustentáveis. Assim, esta estratégia deve ser muito bem estruturada, afim de aumentar o volume de agências sem comprometer a sua rentabilidade.

Nossa Voz - E quanto à redução das taxas de juros do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), para que o BNB tenha maior competitividade nos financiamentos de longo prazo?
Nilson Holanda - Eu acho que o FNE, enquanto recurso público, deve ter taxas de juros abaixo das taxas usuais de mercado. Isto se justifica pelo fato de que boa parte do FNE está voltado para o financiamento da agricultura, de pequenos produtores, e em áreas carentes, como o semi-árido. São setores que precisam de um tratamento preferencial em termo de taxas de juros e outros tipos de condições. Eu acho que existe a possibilidade do Banco reduzir essas taxas dentro de certos limites. Mas isto, obviamente, só o próprio BNB - que conhece todos os parâmetros e variáveis que afetam a sua rentabilidade - é que pode definir até que ponto essas taxas podem ser rebaixadas.

Nossa Voz - Outro ponto importante seria o maior aporte, sob a coordenação do BNB, dos fundos setoriais de ciência e tecnologia...
Nilson Holanda - Nós sempre defendemos a tese de que todos aqueles programas nacionais que fossem implementados na sua dimensão regional deveriam ser executados preferencialmente pelo Banco do Nordeste. Mas esta é uma situação muito difícil, porque os programas nacionais são executados por ministérios, por bancos nacionais, e assim fica difícil resguardar esse privilégio. Neste ponto, eu acho que o Banco tem que se preparar para disputar de forma competitiva a sua participação. Por exemplo, quando lançaram o Proálcool [Programa Nacional do Álcool , em 1975], o Banco do Nordeste foi o segundo agente do Programa no Brasil. Naquela época, o Banco se capacitou para ser o grande agente do Proálcool na região Nordeste. Assim, também hoje ele deve se capacitar para ser o grande agente de qualquer programa nacional. Eu acho que o Banco tem que galgar esses objetivos mostrando a sua capacidade competitiva, pois sendo um banco regional e conhecendo melhor as peculiaridades da Região ele pode perfeitamente mostrar que é o mais competente para fazer isso. O que não pode é deslocar a discussão para a tentativa de obter privilégios, sob a forma de reservas de mercado.

Nossa Voz - A AFBNB também insiste na valorização do corpo funcional para o fortalecimento do BNB. O sr. concorda com essa posição?
Nilson Holanda - No passado, no período em que o Banco mais se destacou como uma experiência de grande sucesso, o fator principal para isto foi justamente a grande ênfase que atribuiu aos seus recursos humanos - não só implantando o sistema de mérito, mas também formando um excelente quadro técnico. Naquela época praticamente não existia nenhuma escola de economia no Nordeste e o Banco fez o esforço em obter assistência técnica para montar uma equipe altamente qualificada. Nesse tempo, somente o BNDE (hoje BNDES) e a Fundação Getúlio Vargas (e talvez a USP) tinham equipes de qualificação equivalente.  E isto tem que ser continuado hoje, com mais razão ainda, pois estamos mais conscientes de que o capital humano é o fator decisivo no processo de desenvolvimento.

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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