“Estamos sendo convocados a tratar com mais energia os direitos dos trabalhadores, dos servidores públicos”. Assim foi iniciada a palestra do dep. federal Daniel Almeida (PCdoB-BA) – que é co-autor do Projeto de Lei 343/2007, de reintegração dos demitidos do BNB no período de 1995 a 2003 e autor do PL 6259/05, de isonomia entre os funcionários dos bancos públicos. Segundo ele, deve-se investir na mobilização para enfrentar os ataques sistemáticos e permanentes ao serviço público, que vêm aumentando nos últimos 10 anos. Ele citou o BNB como uma das maiores vítimas do processo de desmantelamento do espaço público, no período entre 1995 e 2003.
Para ele, a vitória do presidente Lula possibilitou entrar numa fase de resistência, mas ainda não reverteu definitivamente a situação de ameaça ao serviço público. Ele considera que a velocidade na recomposição dos espaços – destruídos nos governos neoliberais que antecederam Lula – não foi a que todos esperavam.
Sobre o Projeto de Lei que prevê isonomia entre os fun-cionários dos bancos públicos, afirmou que o voto do relator (dep. Tarcísio Zimmermman, PT/RS) é favorável. No último dia 05, a votação foi adiada por duas sessões.
A necessidade de reformulação nas estratégias para a luta dos trabalhadores, inclusive os bancários, e para o próprio modelo de sindicato e sindicalismo foi o tema abordado por Everaldo Augusto, que é membro da Executiva Nacional da CUT e vereador (PCdoB-BA). “Esse sindicalismo precisa avançar e dar conta das novas demandas que surgem das novas relações de trabalho e formas de produção, que alteram e interferem na relação de trabalho, como as novas tecnologias e a reestruturação produtiva”, salientou.
Assim como Daniel Almeida, ele acredita que a vitória de Lula deu início à reversão nesse quadro de domínio neoliberal, assim como a eleição de governos de esquerda na América Latina, que começa a alterar o quadro político internacional.
Para José Frota de Medeiros, mediador do painel, o mundo do trabalho, em relação ao capital, foi o mais prejudicado com a automação do trabalho. Ele falou da “explosão” no BNB, ao eliminar a cultura organi-zacional (referindo-se à gestão Byron Queiroz) e colocar toda sua força de trabalho e gerenciamento em busca de metas, lucros, primando pelo individualismo em substituição à solidariedade que reinava tempos atrás.
Medeiros falou ainda das seqüelas trazidas pela reestru-turação produtiva e da necessidade de se tratar de outra maneira o BNB, com suas especificidades, valorizando seu corpo funcional. E acrescentou: “é preciso vontade política para mudar as relações de trabalho”. Ressaltou também as diferenças entre os bancos de desenvolvimento: enquanto os funcionários do BNDES recebem em média R$ 22 mil, os do BNB recebem migalhas advindas de um Plano de Cargos não compatível com um banco de desenvolvimento, apesar de desempenhar trabalho tão relevante quanto o primeiro. |