Mobilização contra as ameaças ao desenvolvimento
O filósofo Heráclito, séculos atrás, dizia em outras palavras que nada na vida se repete: “você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo”. Retomamos esse pensamento para analisar o momento atual que enfrentamos na luta em defesa das instituições de desenvolvimento regional.
Apesar de parecer que já vimos esse filme – quem não se lembra da nota técnica nº20, que praticamente queria acabar com os bancos regionais? Ou dos descalabros cometidos pela gestão de Byron Queiroz, propositadamente, e que justificavam a extinção do BNB? – agora as ameaças têm um novo enfoque e merecem novas respostas, novas estratégias para enfrentar velhos problemas.
Enquanto no passado as propostas surgiam dentro de um governo declaradamente neoliberal e a serviço dos interesses de terceiros, dessa vez as ameaças surgem em um governo dito dos trabalhadores, o que não nos impede de assumir posturas críticas em relação a ele. Além disso, o zumzumzum e o desencontro de informações criam um clima completamente desfavorável aos bancos oficiais, uma vez que acabam formando inimigos que tendem a se digladiar na mesma arena política, local onde deveriam unir forças, e não dividi-las.
Por tudo isso, precisamos nos movimentar, de forma organizada e consciente. A Diretoria da AFBNB tem procurado fazer isso, através da articulação política com parlamentares, sobretudo os da bancada nordestina, procurando sensibilizá-los; através de uma discussão mais ampla sobre que desenvolvimento queremos; defendendo publicamente um perfil para a direção do BNB e buscando envolver cada vez mais os funcionários do Banco na luta em defesa das instituições regionais.
Nesse sentido, organizou e mediou, junto com membros do Conselho Técnico, conversas virtuais sobre desenvolvimento, pautadas pelo livro Por um Nordeste Melhor; discutiu a publicação em outros espaços, envolvendo academia, classe empresarial e política; mediou a participação de funcionários em curso de extensão à distância... Mas tudo isso não basta. É preciso que todos – sociedade civil do Norte e Nordeste (já que o BASA também está ameaçado) – mudem os rumos dessa história e retomem as rédeas do seu destino. O futuro da região Nordeste não pode ser decidido apenas nos corredores de Brasília, e depois comunicado aos verdadeiros interessados: nós!
Temos que nos unir ainda mais, nos apropriar de conhecimentos que fortaleçam nosso discurso e fazer valer as palavras do filósofo: as coisas não se repetem. Não permitiremos que aconteçam aos bancos regionais o que aconteceu aos estaduais: enfraquecidos, desmontados, extintos, incorporados ou privatizados! |