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25/04/2007

Nossa Voz - Especial 31ª Reunião do Conselho de Representantes

A agenda desenvolvimentista do PAC

A agenda desenvolvimentista do PAC

Com o objetivo de aprofundar as discussões do painel principal – que discutiu o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – a equipe do Nossa Voz entrevistou o secretário de Planejamento e Orçamento da Prefeitura de Fortaleza, José Meneleu, e o professor Rogério Cruz. Meneleu é economista, mestre em Economia e doutor em Sociologia. Atualmente é professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Cruz é economista, professor do departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e apresentador do programa Grandes Temas, da TV Universitária.

Confira a entrevista com José Meneleu:

Nossa Voz – Dentro dessa discussão de desenvolvimento regional, desse novo cenário, qual sua opinião do papel das instituições de desenvolvimento? Elas vão ter que repensar suas estratégias?

José Meneleu – Sem dúvida. O modelo tradicional já não dá soluções efetivas. Isso é um problema que não é só da região Nordeste. As entidades que são importantes no sentido de pensar o planejamento e o desenvolvimento, ou seja, pensar essa articulação que a ação do setor público planejando é o indutor do desenvolvimento, implica que o modo de pensar esse desenvolvimento precisa ser reavaliado. Isso é uma concepção que é comum hoje em todo o mundo. Nesse sentido, as redes de participação e de discussão dos projetos de desenvolvimento são muito importantes e essas agências, no caso do Banco do Nordeste, pela capilaridade que têm na região, tem um papel muito importante de mobilização da sociedade civil em todas as suas dimensões: setor empresarial, terceiro setor, trabalhadores... Todos eles devem ter participação porque eles têm leitura real de cada lugar. Esse processo de democratização aparentemente ele é complexo, demorado, mas os resultados dele são sólidos. Esse é um aspecto importante e novo que tem que ser incorporado aos modelos de desenvolvimento: a ampla participação, discussão e planejamento realmente conjunto da sociedade e das entidades que planejam.

Nossa Voz – Como o sr. avalia, de forma geral, o PAC? Nós ouvimos que o programa é tímido, mas que é positivo por trazer à tona a questão do planejamento...

José Meneleu – Como todo processo social – e o PAC é resultado de um processo social, de demandas sociais – ele é, por natureza, contraditório. Por um lado, a idéia de que ele vai induzir o crescimento, talvez não na proporção que alguns desejam, é fato; ele tem a capacidade de pensar articuladamente várias ações, essa é uma vantagem. Agora, por outro lado, o crescimento só é suficiente? A resposta conclusiva tanto minha como de quem debateu aqui é que não. Só pensar o crescimento é insuficiente, mas, no entanto, o crescimento é importante? È importante. A geração de riqueza é importante. Mas precisa ser pensado radicalmente como um modelo que possa também distribuir riqueza e renda e reduzir desigualdades sob pena de que aí não valha a pena pensar o desenvolvimento a um custo de elevação de mais desigualdade e pobreza.


Confira a entrevista com Rogério Cruz:

Nossa Voz – O sr. falou nas grandes expectativas em relação ao PAC e nas reais possibilidades que ele apresenta. Qual seria então, na sua opinião, as ressalvas a esse modelo?

Rogério Cruz – É não generalizar, por exemplo. Não imaginar que um plano que tem apoio a setores de ponta da tecnologia vai entrar aqui no semi-árido. O que poderá entrar, dependendo do acerto político, dos acordos políticos que serão feitos, é via saneamento e habitação, principalmente. É por aí que a gente deve esperar injeção de dinheiro na economia do semi-árido, por exemplo.

Nossa Voz – Em relação ao tema do nosso evento, que papel as instituições de desenvolvimento vão desempenhar nesse momento?

Rogério Cruz – As instituições são várias. Você tem as instituições do sistema financeiro, que vão repassar esse dinheiro; você tem as organizações da sociedade civil... Eu acho que é desse conjunto, dessa síntese de instituições é que vai chegar o dinheiro até a ponta. Agora, no caso das instituições da sociedade civil, é importante a participação dela, sobretudo junto aos órgãos gestores, para acompanhar esse dinheiro, para que não haja vazamentos nesse longo trajeto.

Nossa Voz – O sr. falou também que a política monetária do governo não mudou, ou seja, o cenário não mudou tanto assim. Então, o que teremos de favorável para o PAC para impulsionar realmente o crescimento do país?

Rogério Cruz – Veja bem, a política monetária não mudou. Em não mudando, a especulação continua. De outro lado, veio o PAC, para atender alguns setores do empresariado nacional. Quando ele vier, evidente que esses investimentos que eles vão fazer vai contratar gente, então tem um impacto social, não tem como fugir disso. Existe até uma crítica irônica de alguns economistas, que dizem, bom, se fizer investimento em obra, isso tem que ter um impacto favorável. É isso que se espera mesmo que tenha. Agora, não sonhar nem que isso será muito nem pouco, porque ele é direcionado. Se eu falar qual é o impacto em São Paulo, é da produção de implementos para a tv digital, que o governo  vai estimular, inclusive com redução de impostos. Agora, se eu falar qual o impacto disso em Cabrobó, eu tenho que olhar em saneamento e habitação.

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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