A Associação dos Funcionários do BNB (AFNBNB) e Associação dos Aposentados do BNB (AABNB), com o apoio do curso de Ciências Econômicas da Universidade de Fortaleza (Unifor), lançaram, no dia 2 de março, para um público formado por estudantes, gestores públicos e professores universitários, o livro “Por um Nordeste Melhor – proposta de estratégias de desenvolvimento regional”. A publicação havia sido apresentada, anteriormente, apenas para os funcionários do Banco do Nordeste.
O presidente da AFBNB, José Frota de Medeiros, abriu o evento ressaltando a importância do momento histórico que a Região vive, com a recriação da Sudene e o retorno, à pauta política e social, das questões de desenvolvimento social. “Estamos diante de um novo clima no Nordeste. A agenda nacional mudou e hoje pela primeira vez se vê discussão sobre desenvolvimento e planejamento regional”, afirma. Ele destacou a necessidade de vontade política e mobilização social para transformar a realidade e a urgência em se considerar o ser humano na definição das políticas econômicas.
A publicação foi apresentada pelo economista Adriano Sarquis, técnico do Etene e membro do Conselho Técnico da AFBNB. Como debatedores, participaram o Deputado Federal (PSB-CE) Ariosto Holanda e a Profª. Suely Chacon (economista, coordenadora do curso de Ciências Econômicas da UNIFOR e presidenta do Conselho Regional de Economia do Ceará (CORECON-CE).
Para Adriano, o livro deve servir como instrumento de mobilização. Segundo ele, hoje “o problema do Nordeste é menos de natureza técnica que política”, daí a necessidade das pessoas se organizarem e mobilizarem o corpo político do Brasil. Ele falou do objetivo principal da publicação – que é criar um consenso mínimo sobre as diretrizes e linhas básicas de uma estratégia de desenvolvimento – e apresentou os pressupostos que serviram como eixo central na definição das diretrizes, como o papel do Estado (a ausência do Estado como fator de concentração de renda e aumento das desigualdades), a inclusão social, a necessidade da distribuição de renda e riqueza e da melhoria da qualidade dos recursos humanos. “Não podemos pensar a política regional isolada da nacional”, afirmou, ao defender a convergência nas políticas públicas. Além disso, o livro defende a seletividade nessas políticas, ou seja, a definição de prioridades, respeitando as especificidades inter-regionais.
Suely Chacon reforçou a importância do aspecto social nas políticas econômicas. “A gente precisa pensar nas pessoas. Esse é o maior desafio ao se implementar política de desenvolvimento”, afirmou. Para ela, é preciso pensar o desenvolvimento a partir de quatro dimensões: econômica, social, ambiental e institucional. “O desenvolvimento regional precisa ser elaborado a partir do local, porque durante muito tempo se importaram modelos, sem respeitar as características locais”.
Para a professora, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, apesar de suas limitações, tem o mérito de trazer à tona a questão do planejamento. Ela socializou a experiência do Conselho Federal de Economia, quanto à elaboração do documento “Um Projeto para o Brasil”, entregue aos presidenciáveis, e a criação da Comissão de Políticas Públicas, na entidade, para acompanhar as políticas públicas de desenvolvimento, como o PAC, a recriação da Sudene e Sudam e a Política Nacional de Desenvolvimento Regional. “O desenvolvimento passa pela responsabilidade de cada um de nós. Temos de estar sempre presentes nessa discussão e colocar nosso conhecimento à disposição do desenvolvimento do nosso estado e de nosso país”, concluiu.
“A saída dos nossos problemas está no homem, e a melhor forma de investir no homem é com a educação”. Assim Ariosto Holanda começou sua fala, sempre enfocando a importância da capacitação, do trabalho e da educação como forma de superar os graves problemas regionais e resgatar a cidadania. Ele parabenizou a AFBNB pela iniciativa e sugeriu a continuidade do trabalho, com uma segunda edição, que trate de como implementar as estratégias apresentadas nesse primeiro livro.
Ele questionou o conceito de desenvolvimento. “Queremos desenvolvimento pra quê e pra quem? Só podemos dizer que há desenvolvimento se melhoramos o Índice de Desenvolvimento Humano. Crescimento econômico no modelo atual, de concentração de renda, não vai significar desenvolvimento”, afirmou o deputado.
Ariosto apresentou indicadores preocupantes do país, como o número de analfabetos e analfabetos funcionais, que atinge mais de 85 milhões de brasileiros, e alguns desafios que precisam ser superados nessa busca pelo desenvolvimento. |