O corpo funcinal do BNB ainda não esqueceu a chamada “era Byron”, que significou 8 anos de chumbo grosso contra sua força de trabalho. De 1995 até o início de 2003, foram centenas de casos de assédio moral, transferências desumanas com destruição de famílias, demissões injustas, atitudes nazi-fascistas contra representações classistas, violações dos mais elementares direitos democráticos e sindicais, cerceamento da liberdade de opinião e, como mais grave, a institucionalização da ideologia do medo como forma maior de opressão e de existência funcional.
Hoje, no entanto, com uma nova Diretoria à frente do BNB, as entidades representativas dos funcionários esperavam uma outra postura da Instituição no trato de seus recursos humanos. Não obstante os avanços obtidos com a atual gestão, percebemos que ainda existem muitos focos de “byronismo” nas instâncias do Banco, dando perpetuação ao sistema de opressão anterior. “Convencionou-se chamar de ‘esqueletos’ da era Byron os passivos que têm impactado, negativamente, nos resultados operacionais do BNB, como ‘herança maldita’ da gestão anterior. Entretanto, o ‘passivo’ mais nefasto, o passivo mais oneroso, a herança mais maldita são os outros esqueletos vivos que assimilaram como excelentes pupilos os métodos truculentos como arma de uma ‘boa gestão’”, critica o presidente da AFBNB, José Frota de Medeiros.
São vários os casos de assédio moral que chegam à AFBNB, que procura tomar as providências cabíveis - como entrar em contato com a direção do Banco, divulgar notas de repúdio e reivindicar reuniões para tratar do assunto. Tais posturas começaram a vir à tona na Campanha Salarial de 2005, quando o Banco começou a intimidar os funcionários, ameaçando a retirada das comissões e até mesmo do emprego – no caso dos contratados – a quem aderisse à greve (veja box ao lado). Até mesmo os dirigentes sindicais foram ameaçados e pressionados através de telefonemas.
Ainda durante a greve de 2005, a AFBNB recebeu denúncias de vários Estados sobre reuniões dos superintendentes orientando os gestores de todos os níveis a não participarem de qualquer movimento grevista, a menos que estivessem dispostos a entregar a função. Na época, as denúncias foram justificadas pela superintendente de Desenvolvimento Humano, Zilana Ribeiro, como uma posição da diretoria do BNB, argumentando que a implantação do PCR correspondia sincronicamente a um plano de comissão novo, que ainda não foi implantado.
Tal atitude deixou estarrecidos todos os funcionários e as entidades, pois mesmo em épocas de clara repressão, tal medida não havia sido assumida de forma tão explícita. A revolta foi maior face à contradição entre o discurso e a prática de uma direção que sempre se posicionou como democrática e que, até este episódio, vinha de fato honrando esta postura.
No ano passado, foi a vez do funcionalismo “aderir” ao processo de implantação do Plano de Cargos e Remuneração (PCR). E quem se posicionava contra o Plano estava sujeito a descomissionamento. O Banco deixou bem claro que cortaria as funções em comissão de qualquer funcionário que não aderisse ao PCR. E o pior ainda está por vir: devido ao seu caráter restritivo e rebaixado, o atual PCR deixa os funcionários à mercê dos dirigentes da ocasião, que poderão continuar manipulando e ameaçando os servidores, utilizando o comissionamento como instrumento de pressão, chantagem e cooptação.
A AFBNB ressalta que a construção de um novo Brasil passa, indiscutivelmente, pela democratização de suas instituições. Por isso, faz-se urgente o estabelecimento de gestões democráticas de forma que possamos crescer com a participação efetiva dos trabalhadores. Nesse contexto, alerta à alta administração do Banco para a urgência de liquidar “esqueletos vivos”, seguidores fiéis de um “paradigma” de gestão que tantos pontos de estrangulamentos colocaram nos caminhos do Banco em sua função de desenvolver a Região. Tais esqueletos, em insistirem existindo, a consolidação da atual gestão como boa imagem democrática fica seriamente comprometida.
Cronologia do assédio no BNB
– Em 2005, durante a campanha salarial, a AFBNB tomou conhecimento de uma série de denúncias, por parte dos funcionários, de atitudes do Banco querendo amedrontar, inibir e enfraquecer a adesão à greve. Dentre elas, a solicitação de listas com os nomes dos grevistas; deslocamento de funcionários como forma de garantir a continuidade do trabalho; convocação de funcionários para trabalhar, por meio de mensagem eletrônica; convocação de funcionários que estavam de férias a voltar ao trabalho, infringindo a legislação trabalhista; pressão sobre os funcionários, ameaçando retirar comissões, e sobre os sindicalistas.
– Em maio de 2006, a AFBNB recebeu denúncias de práticas opressoras de gestão perpetradas na fase de “Avaliação do Desempenho” que, ao invés de ser um meio de aperfeiçoamento e qualificação da força do trabalho do Banco, torna-se um tacape nas mãos de gestores autoritários. A Associação recebe, ainda, denúncias de que os gestores estariam ameaçando o corte das funções em comissão de qualquer funcionário que não aderisse ao PCR e se manifestasse contra o Plano.
– Em junho de 2006, o Banco demitiu dois funcionários sem justa causa, em Recife-PE. O motivo da demissão dos funcionários – de reconhecida competência e conduta ética, conforme depoimento de colegas – foi um só: ingressarem com ação na Justiça reivindicando o pagamento de horas-extras trabalhadas, um direito legítimo.
– Em outubro de 2006, denúncia de assédio moral no BNB de Bacabal, recebida pelo Sindicato dos Bancários do Maranhão. O gerente estaria ameaçando os bancários que participavam da greve com suspensão de participação em cursos e descomissionamentos.
– Em novembro de 2006, agentes de desenvolvimento do Ceará denunciaram tratamento agressivo e humilhações do superintendente estadual do BNB no Estado. |