Fale Conosco       Acesse seu E-mail
 
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras


15/08/2006

Nossa Voz - A Economia Política como ferramenta para pensar e apoiar o desenvolvimento do Nordeste

Economia e engenharia política: fatores de mudanças sociais

José Frota de Medeiros
Presidente da AFBNB

Qualquer política de desenvolvimento regional fracassará se não diminuir a pobreza de uma forma substancial, gerando emprego e renda e lutando para a superação da concentração de riquezas.
Não é necessário repetir dados estatísticos e indicadores sociais sobre a Região Nordeste, que são alimentados por estruturas sociais arcaicas, geradoras do subdesenvolvimento; em suma, mantenedoras da miséria da maior parte da população nordestina.

Hoje, a única política disponível é alterar, na margem, a política macroeconômica, calculando-se indicadores como metas de inflação, câmbio flutuante, risco Brasil, PIB, exportações, dívida externa etc., desconhecendo a existência de seres humanos em termos de classes sociais em condição de pobreza, regiões estagnadas, além de outros problemas desta natureza. Os planejadores – que antes possuíam alguma “sensibilidade social” – hoje lavam sua consciência com as políticas sociais compensatórias. Por que consideramos esta saída errada? Porque a medida transformadora de uma sociedade não está nos zigue-zagues mirabolantes da macroeconomia, mas em uma alteração no sistema de poder, no avanço do bem-estar social do povo.

Com efeito, os grupos que se mantém no poder controlam recursos e instituições decisivas na estruturação da vida social, direcionando-os de forma a servir seus interesses e sua perpetuação no poder. Isto quer dizer que a democratização do controle das instituições e recursos é uma condição insubstituível para dar início a uma reorganização social que rompa com a nossa trajetória de exclusão social e regional. Isto significa aperfeiçoar a democracia participativa, colocar o povo em movimento para gerir seus destinos, aprofundar a intervenção das organizações populares, dos movimentos sociais, formulando projetos alternativos aos dos interesses do atual sistema de poder.

No Nordeste, estes fenômenos sociais de concentração de renda produzem uma rápida expansão da pobreza absoluta nas grandes cidades, com desemprego e subemprego estrutural, e no campo, com a estagnação. Assim, a principal tarefa é tomar decisões que questionem o atual sistema de poder. E que se faça uma crítica da economia política para transformá-la.

De nada adiantará a criação e fortalecimento de instituições como Sudene e a implementação de projetos estruturantes como a Transnordestina se o poder continuar nas mãos dos mesmos grupos sociais. Ou seja, se as políticas econômicas para a Região não forem seguidas de medidas para eliminar a pobreza e as desigualdades regionais, não teremos alternativa e a nossa política de desenvolvimento regional será um fiasco. Nosso desafio é, desde o presente, considerar o tempo, o espaço e o ser humano – além dos números, índices e quantidades – como o fio condutor das discussões de projetos com a identidade da nossa Região.

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras
 

Colunas

Versão em PDF

Edições Anteriores

Clique aqui para visualizar todas as edições do Nossa Voz
 

Rua Nossa Senhora dos Remédios, 85
Benfica • Fortaleza/CE CEP • 60.020-120

www.igenio.com.br