Fale Conosco       Acesse seu E-mail
 
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras


15/08/2006

Nossa Voz - A Economia Política como ferramenta para pensar e apoiar o desenvolvimento do Nordeste

Alternativas à razão individualista da economia

A constatação de que o modelo econômico utilizado pelo neoliberalismo gera riquezas, mas gera também, em grande escala, desigualdade e concentração de renda, levou a sociedade a pensar e a construir novas formas de práticas econômicas  socialmente mais responsáveis. Duas delas – a economia solidária e a economia de comunhão – ganham cada vez mais espaço no século XXI e têm no ser humano o centro de sua atenção.

A Economia de Comunhão nasceu em 1991, por iniciativa de Chiara Lubich, fundadora do Movimento Focolares – movimento católico de leigos que prega a unidade entre os povos – durante uma viagem ao Brasil. Impressionada com a pobreza e com a desigualdade em um país tão rico, Chiara e economistas de renome, como o italiano Luigino Bruni (pós-Doutor em Economia pela Universidade de Pádua, na Itália e doutor em História do Pensamento Econômico pela Universidade de Florença), começaram a pensar em um modelo econômico que desse uma resposta ao drama da pobreza.

A novidade desse novo paradigma está na distribuição de renda. Se a base da economia dominante está no individualismo, na Economia de Comunhão a base é o bem-estar coletivo. O lucro da empresa que adere a este modelo é distribuído de forma a alcançar três objetivos: a consolidação da empresa com justos salários e respeito às leis vigentes; ajuda aos necessitados e criação de postos de trabalho; sustento a estruturas aptas para formar homens capazes de viver a cultura da solidariedade e da partilha.

A adesão à Economia de Comunhão exige uma mudança de postura cultural e até mesmo moral. Ou seja, a empresa deve rever sua relação com os concorrentes, com o cliente (oferecendo preços justos), com o meio ambiente (procurando preservar os recursos naturais). A experiência hoje é vivida por cerca de 850 empresas em todo o mundo. No Brasil, mas especificamente no Ceará, desde o ano passado o Governo do Estado vem desenvolvendo, junto com o Movimento Focolares, uma experiência de Economia de Comunhão dentro do Projeto Sertão Vivo. O Projeto, voltado ao homem do campo, reúne um conjunto de ações que visam a melhoria da qualidade de vida dessa população, desde orientações técnicas para cultivo e plantio a intervenções educativas para melhoria do nível de saúde da população. A idéia é que a Economia de Comunhão seja a base conceitual trabalhada no projeto.

Outra alternativa é a Economia Solidária. Apesar de não ser exatamente uma novidade – pois se originou na primeira revolução industrial, como uma reação dos artesãos expulsos dos mercados com o surgimento da máquina a vapor – tem ganhado força no Brasil sobretudo a partir do século XX e, mais especificamente no Governo Lula, quando foi criada a Secretaria Nacional de Economia Solidária, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego.

A economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza centrada na valorização do ser humano – e não do capital, de base associativista e cooperativista. Mas, nem todas as cooperativas são iguais. Hoje está cada vez mais comum o empregador criar cooperativas para reduzir custos e ela existir apenas no papel, uma vez que os fatores que a caracterizam não existem, como participação na gestão e na divisão do lucro.

Em entrevista à agência Carta Maior, Paul Singer  – titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) e autor de diversos livros sobre o tema – explica que a economia solidária não é mera alternativa para gerar ocupação em tempos de crise, mas uma ferramenta de construção de um novo modelo econômico pautado pelo humanismo, a justiça social, a cooperação mútua e a solidariedade.

Segundo levantamento feito pela Senaes em 2003, existem no Brasil cerca de 15 mil empreendimentos de economia solidária.

Para saber mais – O livro “Economia Popular e Solidária – A Alavanca para um Desenvolvimento Sustentável”, de autoria de João Cláudio Tupinambá Arroyo e Flávio Camargo Schuch traz, a partir da experiência dos autores nessa área, conceitos sobre microcrédito, economia solidária e desenvolvimento sustentável, além do relato de diversas iniciativas  bem sucedidas. A publicação pode ser adquirida através do endereço www.efpa.com.br.

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras
 

Colunas

Versão em PDF

Edições Anteriores

Clique aqui para visualizar todas as edições do Nossa Voz
 

Rua Nossa Senhora dos Remédios, 85
Benfica • Fortaleza/CE CEP • 60.020-120

www.igenio.com.br