Fale Conosco       Acesse seu E-mail
 
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras


29/06/2006

Nossa Voz - AFBNB reafirma rejeição ao PCR

PCR deve valorizar o trabalhador

O Nossa Voz entrevista Lydia Brito, que em 2003 participou da comissão paritária de elaboração do PCR, representando as entidades de classe. Lydia é Assistente Social, Mestre em Sociologia e Doutora em Educação pela UFC, professora do Mestrado em Administração da Universidade Poti-guar (RN) e Consultora em Gestão de Pessoas.

Nossa Voz – Como foram as discussões iniciais para a elaboração do PCR, das quais você participou? Quais eram as principais bandeiras defendidas pelo grupo tendo em vista a formulação de um Plano compatível com um banco de desenvolvimento?

Lydia Brito – Em 2003 participei da comissão paritária de elaboração do PCR, representando as entidades de classe. Naquele momento, movidos pelo entusiasmo de termos na presidência do país, pela primeira vez na história, um presidente oriundo de um partido que representava a classe trabalhadora e os interesses do conjunto da sociedade, o grande objetivo era desenvolver um  plano conceitual/técnico dentro das melhores práticas do mercado e da sociedade e que fosse um instrumento gerencial que permitisse o cumprimento da missão, negócio, visão de futuro e estratégicas organizacionais a partir da valorização do perfil de competência profissional dos funcionários do BNB, enquanto instituição diferenciada como banco de desenvolvimento. Isto significa, dentre outras coisas, o entendimento de que deveríamos ter um PCR que fosse a “espinha dorsal” da gestão do trabalho para viabilização da missão institucional. Para isto eram necessários o estabelecimento de critérios claros e transparentes e a concepção de salários dentro das melhores práticas que valorizasse os empregados e que permitisse ao BNB gerir o conhecimento necessário ao cumprimento de sua missão, ou seja, mapear interna e externamente onde estava este conhecimento, captar, disseminar, recompensar, reter e monitorar. O grupo entendia que os desafios da missão do banco eram diferenciados dos bancos comerciais que visam apenas o lucro e que era um momento de grandes transformações. O BNB, no cumprimento de sua missão, tinha uma dinâmica e complexidade que exigiam pessoas com alto nível de qualificação para que os desafios fossem superados. Desenvolver o Nordeste, falando de uma forma bem simples, significava a redistribuições de riquezas, quebrando o modelo tradicional do Estado brasileiro, inclusive o praticado tradicionalmente pelos bancos oficiais, que favoreceu a acumulação de capital nas mãos de uma minoria. Para isto precisávamos de trabalhadores com elevada competência em termos de conhecimento, habilidades e atitudes, mas principalmente pessoas com estrutura e auto-estima elevada para ter segurança para mudar paradigmas e padrões, confrontar o passado e com criatividade e compromisso buscar resultados sociais. Tenho consciência de que fizemos um trabalho, dentro do estado da arte e que procuramos envolver não só as entidades de classe, mas os empregados como um todo. Infelizmente, nunca tive acesso a direção do Banco para apresentar os resultados do nosso trabalho que ficou a cargo do representante do Banco na comissão. Tive notícias de que foi contratada uma consultoria externa para avaliar o trabalho da comissão. Parece que concordaram com o que foi construído do ponto de vista técnico e conceitual.

Como você avalia o PCR proposto pelo Banco?

Não conheço na íntegra o PCR proposto pelo Banco, apenas tive acesso à “cartilha” divulgada para o público. Pelo que vi a grande questão que está rolando há três anos é uma questão essencialmente política de valorização ou não do trabalho, não tem nada a ver com a concepção conceitual e teórica do plano, pois em tese a atual proposta  parece permanecer semelhante a proposta da comissão paritária com exceção do valor dos salários que é bastante inferior ao proposto há 3 anos atrás. Vale ressaltar que no plano da comissão paritária os salários estavam sendo estabelecidos em cima de pesquisas salariais contratadas pelo próprio banco e por pesquisas feitas em editais de concursos de empresas representativas. A questão é muito simples, será que a empresa está valorizando o trabalhador quando está pagando a um profissional de nível médio, categoria onde se enquadra a maioria dos empregados e que é, portanto, um segmento paradigmático do funcionário do BNB, um salário inicial de R$ 761,08? E a um profissional de nível superior um salário inicial de R$ 1.145,20? Não precisa ser especialista no assunto, basta ver todos os concursos que estão colocados para o público para ver que a remuneração que o Banco está pagando é abaixo das grandes organizações de referência e que com este salário a empresa não vai captar ou reter os seus talentos, nem vai ter pessoas com estrutura e auto-estima suficientes para ir para a sociedade tentar mudar a realidade. Pessoas que não sejam corrompidas, que tenham dedicação exclusiva ao banco e não precisem de “bicos” para sobreviver. Não sei como ficou a questão das comissões, que é a remuneração variável, de qualquer forma não importa, pois o que vale mesmo é a remuneração fixa que a empresa não pode mexer. O que eu lamento é que uma empresa como o BNB que investiu tanto em capacitação não tenha um corpo diretivo de empregados da casa para questionar firmemente estas questões. Ou será que as pessoas como acontece nas empresas privadas são caladas com medo de perder os privilégios das comissões? É importante lembrar da história, os cargos comissionados passam, mas os registros das ações ficam para sempre marcados na cultura da organização e se o BNB tem uma marca, esta marca é a de ter no passado valorizado os seus empregados.

Do que os funcionários não podem abrir mão em um plano de cargos de um banco como o BNB?

Em primeiro lugar, os funcionários não podem abrir mão da discussão por todos os que fazem o BNB, usando a razão e construindo argumentos de valorização dos salários fixos do PCR no nível das grandes empresas de referência da sociedade. Discussão esta longe das paredes do banco, da censura e da sedução da corte. As discussões tidas até agora não tinham como foco o salário e sim a concepção do plano. Não vamos nos iludir com uma pseudoparticipação (apenas de uma parte fornecendo informações para a concepção do plano) e inocentemente legitimando as decisões importantes, da qual o funcionário não fez parte, como a definição do valor concreto dos salários. Em segundo lugar fortalecendo as entidades de classe para que elas consigam separar o papel das entidades do governo Lula e possam racionalmente compreender a situação a partir da perspectiva do trabalho. Valorizando o trabalhador as entidades estão em última instância valorizado o governo com o qual se identificam e tem ligações históricas.

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras
 

Colunas

Versão em PDF

Edições Anteriores

Clique aqui para visualizar todas as edições do Nossa Voz
 

Rua Nossa Senhora dos Remédios, 85
Benfica • Fortaleza/CE CEP • 60.020-120

www.igenio.com.br