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27/02/2006

Nossa Voz - Contagem regressiva para a 29ª RCR da AFBNB

Opinião

A interrupção do desenvolvimento do Nordeste

Alberto Amadei
Economista, especialista em política fiscal pela FGV-RJ

Há no país uma clara percepção da conjuntura interna e externa que levou os governos FHC e LULA a adotar providências repressivas do gasto e investimento públicos, em decorrência da opção pela política monetária agressiva de elevação de juros.

Os argumentos de justificação da ausência de outra alternativa, todos estão cansados de ouvir. O nhenhenhém de que a globalização modificou substancialmente a economia mundial. A impossibilidade de sustentar o desenvolvimento do país sem a inserção no jogo da comunidade financeira internacional. A necessidade de administrar a economia do país de acordo com os humores dos mega-fundos de investimento globais; inclusive aceitando as regras das agências de classificação de risco.

Não escapa ao observador mais atento, contudo, que a subordinação aos critérios de rentabilidade do grande capital, necessariamente implica constrangimentos. E que a natureza da subordinação financeira acarreta renúncia, em maior ou menor grau, à nossa soberania, em face de que os principais centros de decisão são deslocados, de dentro para fora do país.

Também não adianta insistir de que é possível retomar o desenvolvimento do Nordeste, sem levar em conta a política econômica do governo central, aceitando as concepções míopes da focalização em resultados microeconômicos. Mais cedo, ou mais tarde, as micro políticas acabam sucumbindo sob o peso seqüencial da falta de uma diretriz política fundamental para a questão regional, sempre ensaiada, prometida, porém reiteradamente obstaculizada.

No horizonte são muito preocupantes as nuvens de possibilidades de reativação da negociação da ALCA e aceleração da autonomia do Banco Central. Tais medidas são antagônicas a quaisquer perspectivas para o desenvolvimento no conceito de Celso Furtado. A primeira liquida os produtores industriais, agrícolas e de serviços a um enfrentamento bruto e desigual. A desnacionalização maior e continuidade do parque produtivo, porque sua abrangência extrapola acordos comerciais, envolve agricultura, investimentos, compras estatais, moeda, serviços, e informa a geopolítica norte-americana de neo-recolonização do continente com base na diplomacia do dólar forte e do processo de concentração dos grandes capitais multinacionais.

A segunda abre mão do controle da nossa moeda em favor dos capitais alienígenas. É renúncia explícita do projeto da construção nacional interrompida, para usar a genial definição de Celso Furtado. A autonomia do Banco Central é a privatização do Banco Central. Significa transferir ao mercado exclusivamente, a fixação do valor da nossa moeda, de acordo com os interesses do principal setor dinâmico da economia, as multinacionais.

Falta uma postura firme do Nordeste, da sua classe dirigente na economia e política no Parlamento, para alterar a correlação das forças que nos afoga. Se assim não for, as conseqüências nos serão insuportáveis. Nossa economia não é suficientemente forte para resistir a elas e o povo insuficientemente politizado para compreender a tragédia que a ausência desse enfrentamento inadiável significará em futuro próximo.

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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