Pesquisa inédita realizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) indica que 77,8% da força de trabalho brasileira faz horas extras. Desse total, 19,3% trabalha a mais com muita freqüência, 36,4% fica além do expediente "às vezes" e 22,1% faz hora extra raramente. Dos três mil respondentes, 26,2% disseram ter problemas familiares ou escolares em função da sobrecarga de trabalho.
Entre os que trabalham a mais, 45,3% buscam complementar a renda. Assim, apesar da sobrecarga, quase a metade dos trabalhadores não é contrária às horas extras - 26,8% dos entrevistados preferem que a legislação não se altere e 19,9% gostariam que a lei fosse completamente flexibilizada, sem qualquer controle sobre as horas extras.
O resultado da pesquisa já era esperado pela Central Única dos Trabalhadores, cujas principais bandeiras incluem a redução da jornada de trabalho e a limitação das horas extras. "Nós já tínhamos consciência do quadro, mas os dados chamam atenção pela quantidade. E o mais grave é que as horas extras viraram um instrumento para manter a renda, que vem caindo no Brasil", disse Rosane da Silva, secretária de Política Sindical da CUT.
A CUT entrevistou três mil trabalhadores em cinco ramos de atividade: comércio/serviços, metalúrgico, químico, transporte e vestuário. |