Transparência e democracia no BNB
“Gestão democrática” e “transparência” são conceitos já assimilados pela sociedade brasileira. Teoricamente são termos bastante veiculados nos meios de comunicação, referindo-se comumente a ações dos governos, serviços e administração pública, em geral, e até nas empresas privadas. No entanto, da teoria à prática, a distância ainda é considerável.
A oportunidade que se vislumbrou a partir de 2003 para diminuir essa distância foi sem igual na história do Brasil. PT à frente do governo federal e Lula presidente; maior bancada do PT no Congresso; e dirigentes e representantes do campo democrático e popular nas instâncias de poder alimentaram expectativas de que outro Brasil é possível.
Porém, o que concretamente poderia ser realizado nesse campo, perde a vez pela acomodação dos que têm a responsabilidade de fazê-lo – de estimular o debate e proporcionar o estabelecimento de atitudes democráticas. Esse comportamento permite a continuidade de posturas antidemocráticas, pouca transparência e a incipiente participação nas decisões, o que tem aumentado o indesejável enfraquecimento das instituições.
Um país genuinamente democrático se constitui de instituições sólidas, movidas pelo espírito democrático, com ampla contribuição do corpo funcional e da sociedade para o cumprimento das suas atribuições. No BNB, algumas iniciativas da Direção evidenciam o esforço para o restabelecimento da cultura democrática: reintegração de vários colegas, arbitrariamente demitidos na gestão anterior; retorno de vários companheiros às origens; o reconhecimento e a abertura para o diálogo com as entidades representativas dos funcionários etc.
Vale destacar que é necessário melhorar muito na perspectiva da democracia para tornar a gestão mais eficiente: é preciso melhorar o processo de comunicação com os funcionários, acerca das estratégias de gestão, a exemplo da realização dos eventos e fóruns; é preciso estar atento e explicitar que é inadimissível posturas anti-democráticas e autoritárias, a exemplo do fato recente envolvendo o ex-chefe de gabinete da Presidência (que, aliás, inexplicavelmente continua dando as cartas na empresa), além de denúncias advindas de várias unidades sobre práticas de perseguição com requintes de assédio moral; é preciso ser persistente na instalação de processos participativos e, nesse caso, merece atenção o “Novo Modelo de Agências”, que precisa ser melhor discutido com os funcionários nas unidades. Além disso, é necessário desenvolver um sistema transparente de concorrência, em que os funcionários tenham visibilidade de todo o processo: vagas, concorrentes e suas reais possibilidades de transferência e/ou crescimento profissional.
Na verdade, percebe-se que há um caminho que pode ser trilhado, mas é importante demonstrar que há sensibilidade e traduzir em fatos a solução dessas questões, para se poder proclamar, de forma efetiva, a democracia no BNB. |