Há pouco mais de dois anos, os funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) comemoraram o fim da Era Byron, caracterizada por oito anos de perseguições e arbitrariedades do até então presidente da Instituição, Byron Queiroz. Agora, com a nova administração, os benebeanos viram surgir um novo tempo, marcado pela reabertura do diálogo com as entidades representativas, a valorização do corpo funcional e a volta do foco para o desenvolvimento sustentável da nossa região.
Mesmo assim, persistem certas práticas no Banco que a AFBNB – assim como o funcionalismo – gostaria que a atual administração combatesse. Um exemplo é a volta de gestores da Era Byron para cargos estratégicos do BNB, como Carlos Antônio de Moraes Cruz, que foi nomeado assessor da Diretoria de Promoção de Investimentos.
Sobre Cruz, sabe-se que ele sempre foi um fiel seguidor da Era Byron. Foi gerente em Sobral, Fortaleza e Natal, onde perseguiu e humilhou os funcionários a ele subordinados.
A estadualização da atuação das superintendências é outro exemplo. Ninguém contesta a decisão do Banco, que visa dinamizar e fortalecer a sua atuação em todos os Estados. “O que se questiona é o fato de alguns dos superintendentes nomeados serem identificados com a antiga administração do BNB, sendo lembrados pelo funcionalismo como gestores da Era Byron”, afirmou o diretor da AFBNB e coordenador da CNFBNB, Tomaz de Aquino. “Os funcionários estão insatisfeitos com essas nomeações e com a falta de critérios nos comis-sionamentos do Banco”, acrescentou.
As questões relatadas revelam que, apesar do “novo tempo” vivenciado no BNB, ainda há muitas mudanças a serem realizadas para a superação de posturas herdadas da administração anterior, com vistas a garantir a vivência da plena democracia no Banco. Para isto, a AFBNB sugere uma comunicação mais aberta entre o BNB e o funcionalismo, com maior abertura para a participação nas decisões. Sobre esta questão, é imprescindível a restauração do cargo de Conselheiro Representante no BNB – o COREF – cujas principais atribuições é fazer com que os anseios do funcionalismo cheguem à maior instância deliberativa do Banco e garantir transparência na definição dos rumos da Instituição, a exemplo da aplicação dos recursos.
Modelo de Agências – O novo modelo de agências também têm sido alvo de muitas críticas do funcionalismo, dentre elas a falta de estrutura do Banco para realizar as mudanças. As informações foram coletadas pelos diretores da AFBNB em visita a algumas unidades de Fortaleza, em fevereiro.
Reclama-se que haverá aumento de demanda nas agências, sem a perspectiva da chegada de novos funcionários – o que acarretará mais sobrecarga de trabalho. Também se destaca o número elevado de clientes para um só gerente atender, sem levar em conta a complexidade destes. ”O BNB não pode seguir parâmetros de bancos privados, pois tem perfil diferente”, ressaltou um funcionário.
A tecnologia é precária e sem poder de concorrência com outros bancos. Algumas unidades encontram-se em estado de sucateamento. Além disso, há a necessidade de mais treinamento. Os funcionários também relataram que o processo está sendo feito “de cima para baixo”, ou seja, sem consulta ou discussão. “A coisa vem pronta e a gente precisa mastigar e engolir”, desabafou um funcionário.
Em contrapartida, a gerente de Marketing do BNB, Melina Barbosa, afirmou que as mudanças foram amplamente discutidas com os gerentes em agosto de 2004. “Mesmo assim, o novo modelo será reavaliado em junho, quando visitaremos todas as agências novamente”, afirmou. “Com isso, poderão haver adequações”, completou. |